21.10.03



pontos, pontos e mais pontos
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))) Com Walker, o Dallas reforça a artilharia


Quando era técnico do Phoenix Suns, Danny Ainge desenvolveu uma relação de forte amizade com Donnie Nelson, seu assistente na época. Hoje, os dois são cartolas, cada um defende seu time, mas a afinidade que mantinham no clima tenso à beira da quadra continua valendo na calmaria dos escritórios. Esta semana, eles se sentaram à mesma mesa e assinaram aquela que pode ser a última grande negociação antes do início da temporada 2003-2004.

Ainge, agora homem forte do Boston Celtics, embrulhou para presente a dupla Antoine Walker e Tony Delk e mandou para o Dallas Mavericks de Nelson, que forneceu sua contrapartida com Raef LaFrentz, Chris Mills e Jiri Welsch.

Antes de analisar o filé mignon, permitam-me usar um parágrafo para me livrar da carne de segunda: Delk precisava de novos ares e vai disputar vaga com Travis Best na reserva de Steve Nash (é mais um para preencher o vácuo deixado por Nick Van Exel); Mills sempre foi anunciado pelos Mavs como simples moeda de troca; e Welsch pode passar de café-com-leite no Texas para reserva de luxo em Massachussets.

Pronto, agora vamos ao que interessa.

O outro Nelson do Dallas (Don, o técnico) deve estar perdendo seus cabelos brancos. Montar um esquema tático para o time passou a ser tarefa para jogador de xadrez. Antoine Walker deixa um elenco que só tinha Paul Pierce e cai num terreno em que os craques transbordam. Lá estão Nash, Nowitzki, Finley e Jamison.

As médias do ano passado (17.3 pontos e 8.7 rebotes) não devem se repetir, já que as obrigações estarão distribuídas. Em compensação, o aproveitamento de arremessos (38%, o pior da carreira) certamente vai melhorar. Com opções ofensivas de sobra, Don Nelson não vai deixar Walker arremessar bolas de qualquer jeito, como fazia em Boston. Se a condição para o chute não é das melhores, basta olhar ao redor e encontrar um companheiro bem colocado. Selecionando as finalizações com inteligência, o ala pode ser útil mesmo vindo do banco, como um gatilho fatal para momentos difíceis.

O garrafão, no entanto, vai continuar carente na batalha pelos rebotes. Apesar de excelentes trombadores, Walker e Danny Fortson têm baixa estatura. Era este problema que os Mavs queriam resolver com a contratação de Alonzo Mourning. Como não foi possível, o jeito é deixar Shawn Bradley plantado embaixo da cesta. Diante do inevitável, a diretoria adotou o ataque como a melhor defesa e formou a linha de frente mais avassaladora de toda a NBA.

Os Celtics, por sua vez, conseguiram resolver uma de suas maiores fraquezas: a falta de um pivô autêntico. Raef LaFrentz (também conhecido como sósia de Júlio César, goleiro do Flamengo) tem seis anos de contrato pela frente e, cá entre nós, joga mais bola que Tony Battie e Vin Baker (pelo menos este Vin Baker, que ainda tenta recuperar a forma e se livrar do álcool).

Chegamos, então, a duas constatações inevitáveis:

1) Coitado de Paul Pierce. Sozinho e mal acompanhado, comerá o pão que o diabo amassou, assim como já fizeram Vince Carter, Allen Iverson, Tracy McGrady, Kevin Garnett e outros colegas que muitas vezes olhavam para o lado e não tinham para quem passar a bola.

2) Vai ser um prazer ver este Dallas jogar.

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Quando deixou o Phoenix e passou a trabalhar como comentarista de TV, Danny Ainge declarou, numa das transmissões, que não gostava do jogo de Walker. Com essa espinafrada em rede nacional, não dava mesmo para mantê-lo no time.

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Não estranhem se Don Nelson abolir a posição 5 e definir seu time titular com Nowitzki, Walker, Jamison, Finley e Nash. Para quem sempre encarou a prancheta como um laboratório de experiências, está aí uma grande oportunidade de inovar.

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foto . cnn/sports illustrated

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