25.5.03
CAMINHO ABERTO
O MVP Tim Duncan percebeu que entre Raef LaFrentz
e Dirk Nowitzki há uma enorme diferença de qualidade
Um computador pifado, um grande evento no fim de noite, um atraso por conta do incêndio na cozinha do ginásio. Diante dessa equação, chegamos ao estranho fato de publicar uma crônica de domingo nas primeiras horas da segunda-feira. Paciência. Cá estamos para falar de Spurs e Mavs, jogo 4.
Antes de iniciar os comentários, cabe ressaltar que Dirk Nowitzki sequer vestiu seu uniforme. Aqui se repete o mesmíssimo drama do Sacramento Kings, com roteiro idêntico: um grande elenco que perde seu principal jogador. Apesar das boas peças de reposição, nenhuma equipe passa incólume pela perda de um astro do quilate de Nowitzki, ou Webber, ou Duncan, ou Garnett, ou qualquer outro.
O Dallas entrou em quadra com Walt Williams e Raef LaFrentz. Não é preciso ser um sábio para perceber a diferença gritante entre o alemão lesionado e esses dois coadjuvantes. Nos primeiros minutos, cada um já tinha duas faltas. Mesmo com uma formação baixa e sofrendo com o jogo limitado de Eduardo Najera, o time da casa segurou o adversário e encerrou o período inicial em vantagem.
No segundo quarto, o San Antonio pouco aproveitou o fato de Najera estar marcando Tim Duncan. Insistiu nas bolas de fora e errou bastante. Os Mavs adotaram a mesma tática, com índice de acerto bem melhor. Foi ali que Michael Finley e Steve Nash começaram a aparecer, convertendo bolas vitais para o andamento da partida.
Com cinco pontos de desvantagem, os Spurs voltaram do intervalo decididos a tomar as rédeas da situação. Tony Parker esteve fantástico e empurrou seus companheiros. Agressivos na defesa e calculistas no ataque, os visitantes fecharam o período em 77-70, após um tapinha milagroso de Manu Ginobili.
O armador portenho, por sinal, foi um gigante. Sempre no lugar certo, na hora certa, pegando rebotes ofensivos, roubando bolas importantes, encomendando cestas de três, rasgando a quadra nos contra-ataques.
O grande trunfo do San Antonio foi ter conseguido manter o ritmo no quarto período, o que não vinha acontecendo na série. Méritos para Parker, Ginobili e Duncan (todos com mais de 20 pontos). O guerreiro Malik Rose quase estragou tudo nos minutos finais, ao empurrar um juiz quando recebeu uma cotovelada violenta de LaFrentz. Na confusão, David Robinson saiu do banco de reservas, atitude que geralmente faz a NBA torcer o nariz. Caso a liga mantenha sua política de tolerância zero, não será surpresa se os envolvidos forem punidos.
Pouco tempo depois, LaFrentz deixou a quadra com seis faltas, sete pontos e seis rebotes. É pouco, muito pouco, para quem tem a missão de suprir a ausência de Nowitzki no garrafão. Sem pivô nos momentos decisivos (o contundido Shawn Bradley também ficou fora), o Dallas pouco pôde fazer diante da forte atuação do adversário embaixo da cesta. Dessa forma, desenhou-se a segunda vitória seguida dos Spurs em pleno American Airlines Center.
Com 3-1 na bagagem, Gregg Popovich leva seus meninos de volta para casa, confiando na possibilidade de conquistar o título do Oeste na terça-feira, nas barbas da própria torcida. Não há nada decidido, mas a julgar pelo que se viu nas duas últimas partidas, o New Jersey já pode ir pensando numa maneira de parar Tim Duncan na final.
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Na sexta-feira, o alemão se machucou no choque com um argentino. Em boa parte do jogo de ontem, foi substituído por um mexicano, que não conseguiu marcar o nativo das Ilhas Virgens. O canadense fez sua parte, mas não foi o bastante para superar o francês. Na reta final do campeonato americano, o basquete global mostra sua cara.
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Alguém precisa lembrar à ESPN que a série entre Nets e Pistons já acabou. A emissora continua anunciando "o emocionante jogo 5" para a noite de segunda-feira. Eu, hein.
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(Foto – Ronald Martinez/NBAE)
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