12.5.03



O CARTOLA DO ANO




Dumars devolveu o Detroit
à antiga rotina de vitórias




Em apenas três temporadas, Joe Dumars fez um trabalho de obreiro como presidente do Detroit Pistons. Sem muito estardalhaço, tomou atitudes cirúrgicas, mexeu em peças vitais e reconstruiu a equipe baseando-se numa política de cautela financeira, na qual cada dólar foi gasto com extrema inteligência. O reconhecimento enfim chegou. Na quarta-feira, antes do jogo 5 contra o Philadelphia, o ex-armador será anunciado como o melhor executivo da NBA em 2002-2003. Prêmio merecidíssimo.

Quando assumiu o cargo, Dumars tinha em mãos astros como Grant Hill e Jerry Stackhouse, além de uma penca de coadjuvantes razoáveis como Lindsey Hunter, Christian Laettner e Jud Buechler. Dentro da quadra, nada funcionava. O jeito foi promover uma verdadeira faxina no elenco. Aos poucos, cada atleta foi juntando suas trouxas e tomando seu rumo. À exceção de Michael Curry, todos foram embora ao longo desses três anos.

A reformulação exigiu habilidade nos bastidores. O primeiro passo foi dado no campeonato de 99-00, quando terminou o contrato de Hill. Antes de perdê-lo para o mercado de passes livres, Dumars envolveu o jogador numa troca com o Orlando Magic, considerada por muitos um tiro n’água. A contrapartida veio com Ben Wallace e Chucky Atkins. Hoje todos sabem que foi um negócio da China.

A segunda movimentação polêmica ocorreu recentemente, na última pré-temporada. O ídolo Jerry Stackhouse foi mandado para Washington em troca do jovem Rip Hamilton. Deu certo outra vez. O que parecia uma atitude suicida acabou motivando o time rumo aos playoffs. Rip assumiu o papel de cestinha e conseguiu desafogar um esquema que tem a defesa como prioridade absoluta.

Também neste ano, o desprezado Chauncey Billups encontrou abrigo em Detroit. Como forma de gratidão, tornou-se um dos melhores armadores da liga, resolvendo o problema da posição 1 (Atkins tem se mostrado uma excelente opção no banco de reservas). Outras contratações ajudaram a criar um grupo vencedor: Corliss Williamson, Cliff Robinson e Jon Barry não são craques, mas revelam-se fundamentais na rotação do técnico Rick Carlisle.

A aposta no treinador, por sinal, é outro mérito de Dumars. A experiência com os Pistons foi o primeiro degrau na carreira de Carlisle, que em pouco tempo provou ser um dos melhores estrategistas da liga. No draft, o presidente também não fez feio. Mesmo com posições ingratas, ele foi criterioso ao selecionar Mehmet Okur (38ª escolha) e Tayshaun Prince (23ª).

Os resultados estão aí. Bicampeão da divisão Central, o Detroit registrou a melhor campanha do Leste e, apesar de ter permitido o empate dos Sixers ontem, conserva plenas condições de brigar pelo título da conferência. Envergando o terno de empresário, Dumars mostrou o mesmo talento dos tempos em que vestia aquele velho uniforme número 4.

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