22.5.03
DEDOS CRUZADOS
Uma breve pausa nos playoffs: LeBron James
rouba a cena hoje à noite, na loteria do draft
Enfim, chegou o grande dia. Hoje à noite, durante meia hora, o mundo do basquete vai esquecer a bola laranja. Todas as atenções estarão voltadas para outras bolinhas, pequenas, de pingue-pongue. Ao sortear a ordem das equipes para o draft de 26 de junho, a NBA revela uma resposta que vem sendo aguarda há vários meses: quem ficará com LeBron James?
Especulações à parte, seria muita ingenuidade supor que o dono da primeira escolha vai optar por Carmelo Anthony ou Darko Milicic. A badalação sem precedentes em torno do fenômeno colegial criou um panorama curioso, tornando praticamente obrigatória a sua seleção imediata. LeBron vai precisar de algum tempo para se adaptar, e pode até fracassar entre os profissionais, mas ninguém vai correr o risco de pescar outro nome.
É uma espécie de "síndrome de 1984". Naquele ano, o Houston Rockets escolheu Hakeem Olajuwon e o Portland Trail Blazers deixou passar o jovem Michael Jordan para ficar com o inexpressivo Sam Bowie. Só de pensar em repetir um infortúnio desses, a cartolagem entra em pânico.
Por essas e outras, a noite de ontem deve ter sido de orações, simpatias, amuletos da sorte e outras mandingas. Se a NBA fosse National Bahia Association, com sede em Salvador, os terreiros certamente estariam repletos de gente engravatada. Numa hora dessas, vale tudo para incluir no elenco um futuro astro.
Nenhum diretor está mais desesperado que Jim Paxson, do Cleveland Cavaliers. Até porque LeBron mora ali, a poucos quilômetros de distância, na cidade de Akron. Com a pior campanha do Leste na temporada regular, os Cavs precisam de sangue novo se quiserem preencher as poltronas da Gund Arena em 2004. A mudança já começou pelo uniforme, agora em tons de vermelho e dourado. Falta o mais difícil: ajustar o time em quadra. O garoto-prodígio seria a tão sonhada pedra fundamental.
O Denver Nuggets, que teoricamente tem as mesmas chances no sorteio, já conta com uma turma jovem e promissora. Jeff Bzdelik deve estar roendo as unhas. Em Toronto, a primeira escolha pode ser a salvação de um grupo em decadência. Entre uma e outra sessão de fisioterapia, Vince Carter abriria um sorriso de orelha a orelha.
Sei que as possibilidades são remotas, mas não custa fazer um exercício de imaginação e prever o salto de qualidade que LeBron proporcionaria ao Miami Heat. Além de uma boa dose de sorte logo mais, Pat Riley precisaria manter o elenco intacto, com Eddie Jones, Caron Butler, Brian Grant e o recuperado Alonzo Mourning. Assim nasceria mais uma força na conferência Leste. De quebra, Riley teria em mãos o melhor armador que já passou pelo seu crivo desde Magic Johnson.
Daí em diante, começamos a deslizar para o terreno do milagre. Para Clippers, Grizzlies, Bull, Hawks, Knicks, Wizards, Warriors e Sonics (o Houston está fora, vai ceder sua escolha para o Memphis), o mais indicado é estudar nomes como TJ Ford, Charile Villanueva, Dwyane Wade, Travis Outlaw, Leandrinho e Varejão.
Vale lembrar que o draft costuma aprontar suas surpresas. Basta consultar uma breve lista de atletas selecionados da nona posição para baixo nos últimos anos: Kobe Bryant, Tracy McGrady, Paul Pierce, Amare Stoudemire, Latrell Sprewell, Shawn Marion, Michael Finley e Sam Cassell.
A esta altura, não há muito o que fazer, a não ser esperar a dança das bolinhas e torcer para que o destino escreva a história do jeito certo.
(Foto - Tom Pidgeon/CNN/SI)
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