11.5.03
O FRANCÊS AUSENTE
Tony Parker anda caindo pelas tabelas no mata-mata
A reta final de uma partida, quando o relógio se aproxima do zero e a tensão corre na veia, é o momento perfeito para distinguir o craque do jogador medíocre. Nessa hora, só quem confia no próprio taco consegue evitar a tremedeira nos braços e o frio na barriga. O francês Tony Parker, ao que parece, ainda não pode ser incluído neste grupo. Tal constatação decepciona um bocado de gente (Rebote inclusive), mas torna-se inevitável a esta altura do campeonato.
Quando faltavam 14 segundos para o fim do jogo 4 contra o Los Angeles Lakers, o futuroso atleta do San Antonio Spurs tinha a bola em mãos na linha lateral. Seu time precisava de uma cesta de três para forçar uma prorrogação. Bruce Bowen, Stephen Jackson e Manu Ginobili, todos com a mão quente, começaram a se movimentar. Parker, então, deu um passe perfeito. Para Kobe Bryant.
O erro infantil é o ponto mais nebuloso da performance irregular que o armador vem apresentando nos playoffs. Já se vão três semanas e, no geral, ele ainda não disse a que veio. Se não disser em breve, os Spurs correm o risco de jogar na latrina o favoritismo conquistado com muito suor durante seis meses.
A pane mental não é novidade e já atingiu outros representantes da posição. Um bom exemplo é o habilidoso Jason Williams, que chegou a atrair comparações com Pete Maravich em seu ano de estréia, mas fracassou em partidas decisivas e só agora, após trocar o Sacramento pelo Memphis, começa a recuperar seu antigo basquete.
O mesmo destino resolveu bater à porta do jovem Parker. Além de comandar um elenco coeso dentro da quadra, ele ainda precisa provar à diretoria que não faz sentido gastar rios de dinheiro contratando Jason Kidd. Para convencer a cartolagem, é bom voltar aos trilhos o quanto antes. No terreno das palavras, tudo caminha bem. O site oficial tonyparker.net estampa frases antigas que revelam uma demonstração teórica (e até profética) de coragem: “Atuo na posição 1, na qual você é reponsável por tudo o que acontece. Ganhar ou perder depende muito do seu comportamento. É você que aciona os movimentos táticos, acelerando ou diminuindo o ritmo. A posse da bola é sempre sua. E eu adoro jogar sob pressão.”
Pois aí está a grande chance de provar que tudo isso não é apenas bravata. Na terça-feira, a equipe do Texas recebe no SBC Center um Los Angeles Lakers embalado por duas vitórias seguidas. Mais pressão, impossível. A derrota em casa pode equivaler a uma assinatura no atestado de eliminação.
Muita gente aposta que a série vai se estender a sete jogos. Se isso realmente acontecer, o último duelo será no sábado, justamente o dia do 21º aniversário de Parker. Não poderia haver momento mais apropriado para mostrar amadurecimento. O francês precisa voltar aos seus melhores dias. Com urgência.
(Foto - Lisa Blumenfeld/NBAE)
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