30.4.03
UMA NOITE, DOIS PESADELOS
O Los Angeles de Robert Horry derrotou o Minnesota e
provou que Kevin Garnett abriu a boca na hora errada
A empolgante rodada de terça-feira teve lá seu aspecto didático, abrindo a cartilha do basquete e revelando duas coisas que os playoffs não toleram: erros em momentos decisivos e falatório em momentos inoportunos.
A esta altura, os jogadores do Boston Celtics poderiam estar descansando enquanto New Jersey e Milwaukee se engalfinham numa série complicada. Mesmo jogando em Indianápolis, a equipe se impôs a um adversário desmotivado e controlou as ações até os últimos minutos do quarto período. Foi justamente ali, na reta final, que Paul Pierce e seus companheiros decidiram promover uma greve ofensiva e deixaram escoar pelo ralo o sonho da classificação antecipada.
Empacado nos 88 pontos, o Boston tentou, tentou, mas não conseguiu bater os Pacers no tempo normal. O pior, no entanto, viria a seguir. Os rapazes de uniforme verde alcançaram a façanha histórica de não marcar nenhum ponto durante os cinco minutos da prorrogação. Uma cesta de Jermaine O’Neal e três lances-livres de Ron Artest foram suficientes para definir um ridículo placar de 5-0 no período extra. Com isso, o Indiana estica sua sobrevida na série e agora vai ao Fleet Center em busca de uma vitória que force o jogo 7.
O segundo pesadelo da noite se apresentou para os Timberwolves, que parecem ter perdido inteiramente o controle no embate contra o Los Angeles. Ontem, diante de sua torcida, o Minnesota foi atropelado por Kobe Bryant, Shaquille O’Neal e Derek Fisher. O resultado elástico de 120-90 revelou que os tricampeões não estão para brincadeira.
Talvez Kevin Garnett esteja pagando os pecados de sua língua. Antes do jogo 4 (domingo, na Califórnia), o ala disse que uma vitória liquidaria a série ali mesmo e não permitiria uma reação dos oponentes. A declaração precipitada mexeu com os brios de muita gente. Após duas derrotas seguidas (naquela partida e na de ontem), os Wolves estão apavorados com o fantasma da eliminação prematura. No próximo encontro, em pleno Staples Center, um triunfo dos Lakers será o bastante para despachar Garnett de volta para casa.
O Boston ainda tem tempo suficiente para acordar e espantar o Indiana. Mas o Minnesota, ao que parece, escolheu a hora errada para dormir no ponto. Quando abrir os olhos, pode ser tarde demais.
(Foto - David Sherman/NBAE)
29.4.03
A NBA É POP
Eleito técnico do ano, Gregg Popovich
se esforça para avançar nos playoffs
Na tarde de ontem, a NBA concedeu a Gregg Popovich o título de melhor técnico do ano. Foi uma justa decisão. Ao contrário dos bem cotados Rick Carlisle (que se esmera na defesa e falha no ataque) e Don Nelson (que segue o caminho inverso), o treinador do San Antonio Spurs deu à sua equipe um providencial equilíbrio nas duas extremidades da quadra. Com um bom elenco sob controle e a rara mestria em utilizar os reservas na hora adequada, o homem conhecido como “Pop” chegou ao posto máximo da conferência Oeste após uma arrancada invejável na reta final da temporada regular.
A alegria pelo reconhecimento é inevitável. Entretanto, ele sabe que, a esta altura do campeonato, a homenagem não é o mais importante. “De fato é uma honra, mas eu trocaria o prêmio por uma vitória contra o Phoenix no domingo”, reconheceu o técnico.
Como a vitória na America Westa Arena não veio, a série ficou empatada em 2-2 e fez da partida desta noite quase um duelo de vida ou morte. Em pleno SBC Center, o triunfo é obrigatório, sob pena de entregar ao oitavo colocado uma vaga que parecia garantida nas semifinais do Oeste.
Em condições normais, perder no Arizona não chega a ser uma vergonha. Mas no domingo os Spurs chegaram a estar vencendo por 12 pontos durante o quarto período. As chances se tornaram ainda maiores porque Stephon Marbury atuou abaixo da média e Amare Stoudemire foi eliminado com seis faltas. Ainda assim, “Pop” viu seus meninos entregarem o ouro, transformando em heróis os coadjuvantes Penny Hardaway e Jake Voskuhl.
A cota de erros se esgotou. Logo mais, diante de sua torcida, o San Antonio só tem duas opções: ou joga como campeão para arrancar um resultado categórico, ou pisa na bola mais uma vez e prova que os méritos da primeira fase eram apenas fogo de palha.
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Assim como os Spurs, três times também precisam desesperadamente de uma vitória hoje. O Minnesota recebe o Los Angeles sabendo que um tropeço pode ser fatal. O New Jersey abre as portas para o Milwaukee prometendo consertar os erros que cometeu até aqui. E o Indiana já está com a corda no pescoço: se não conseguir bater o Boston de Paul Pierce, será o primeiro eliminado dos playoffs.
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(Foto - Spurs/NBAE)
28.4.03
PEQUENO GUERREIRO
Contundido, Baron Davis superou a dor para se tornar
a grande esperança do New Orleans contra os Sixers
Em determinado momento do jogo 3 contra o Philadelphia 76ers, Baron Davis recebeu um passe embaixo da cesta, completamente livre. Em condições normais, seria mais uma enterrada para o New Orleans Hornets. O armador chegou a pular, mas logo soltou a bola para converter uma bandeja fácil. Atuando no sacrifício e resistindo à dor no joelho esquerdo, Davis teve uma performance atípica, com menos infiltrações e mais arremessos de fora. Ao limitar sua impulsão, ele não pôde dar o costumeiro espetáculo para o ginásio lotado. Mas deixou a torcida satisfeita caprichando nas assistências, comandando o time em quadra e arrancando um triunfo vital para espantar o fantasma da eliminação.
Em entrevista após a partida, o pequeno guerreiro dos Hornets admitiu que estava longe dos 100% e sequer tinha força suficiente no joelho para ultrapassar a altura do aro. Fez muito bem em se poupar, porque hoje à noite tem mais. Jamal Mashburn, com um dedo deslocado, continua fora, e a responsabilidade se mantém nas costas de Davis. Uma vitória iguala a disputa e eleva a confiança da equipe.
Obviamente, não dá para combinar o resultado com Allen Iverson. Por isso a defesa não pode nem piscar. O craque do Philadelphia tem suado a camisa para furar o revezamento defensivo do New Orleans, especialmente quando é marcado por Robert Pack e David Wesley. Os grandalhões Jamal Magloire e P.J. Brown haviam prometido atuar com mais consistência após a segunda derrota na série. E assim foi feito no terceiro jogo: 18 pontos e 9 rebotes para Magloire, 17 e 12 para Brown. A ajuda inesperada veio de Jerome Moiso, que marcou seus 10 pontos no quarto período. Quem também cumpriu muito bem seu papel foi a torcida, empurrando os atletas do início ao fim e vaiando Iverson o tempo todo.
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Mesmo sem Scottie Pippen e Derek Anderson, o Portland Trail Blazers escapou de ser varrido e bateu o Dallas Mavericks pelo elástico placar de 98-79. Pode ter sido o chamado gol de honra, mas ficou claro que “a gangue” não está disposta a se entregar.
Paul Pierce e Tracy McGrady aprontaram novamente e ficaram no limite de uma classificação heróica. São as duas grandes figuras do mata-mata até agora.
Troy Hudson e Kevin Garnett brilharam de novo, mas desta vez Shaquille O’Neal resolveu mostrar quem canta de galo no terreiro de Los Angeles. Com 34 pontos e 23 rebotes, Shaq voltou a ser Shaq e empatou em 2-2 o confronto entre Lakers e Wolves. Pelo jeito, esta série vai acabar promovendo o tão aguardado jogo 7, inédito na rodada inicial dos playoffs.
Além de Sixers x Hornets, a noite de hoje reserva o quarto duelo entre Jazz e Kings. Quando o Sacramento perde uma partida na qual o grande destaque do adversário é Greg Ostertag, me parece que algo deve estar errado. Convém a Rick Adelman abrir o olho, antes que os velhinhos de Salt Lake City consigam fazer um estrago.
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(Foto - Layne Murdoch/NBAE)
27.4.03
AVANÇA OU RECUA?
Em meio ao debate sobre ataque e defesa, Wallace só
quer saber se algum colega anotou a placa de T-Mac
As pranchetas estão cada vez mais rabiscadas. De acordo com o material humano disponível, os 29 técnicos da NBA e suas legiões de assistentes quebram a cabeça para definir uma tática que se aproxime do ideal. Insistir no garrafão ou chutar de fora? Gastar o tempo ou partir para o contra-ataque? Marcar por zona ou homem-a-homem? Esse tipo de dúvida fica para os especialistas, mas não custa nada visitar o tema proposto ontem por Gustavo Nery na caixa de comentários. Para chegar longe numa temporada, o que é mais importante: fazer cestas ou evitar que o adversário as faça?
Antes de entrar na discussão, é bom ressaltar que, felizmente, a figura do craque ainda é o fio condutor do basquete. O grande jogador é capaz de mandar para o espaço todo um conjunto de setas, círculos e triângulos. Em qualquer esporte, essa é a primeiríssima lei: pela ordem natural, vence o mais habilidoso. O resto é zebra.
Quando chegamos ao ponto em que apenas a elite entra na disputa (caso dos playoffs), é previsível que os craques estejam espalhados por vários times. Cada partida pode ser decidida em detalhes. Por isso, convém construir uma base tática capaz de aumentar o rendimento das estrelas, além de dificultar ao máximo a vida dos oponentes. Ora, não há como escapar do óbvio: o esquema perfeito é aquele que equilibra ataque e defesa. Mas se o casamento não for viável, por qual dos dois se deve optar?
Rebaixando a questão ao nível mais raso, vale lembrar que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Ou seja, um excelente ataque vai acabar batendo uma excelente defesa, mais cedo ou mais tarde. É como se, no futebol, armássemos uma seleção só com zagueiros e outra só com atacantes. No máximo, os retranqueiros arrumariam um empate. E no basquete, vocês sabem, empate é coisa que não existe.
Por essas e outras, Detroit Pistons e New Jersey Nets, donos das duas melhores defesas de todo o campeonato, estão penando para superar Orlando Magic e Milwaukee Bucks. Tiveram o azar de pegar pela frente as únicas equipes do Leste que figuram entre os oito ataques mais positivos da temporada.
Durante uma série, nem a defesa mais apurada do universo é capaz de anular quatro vezes um sujeito como Tracy McGrady (ou Kobe Bryant, ou Tim Duncan, ou Kevin Garnet...). Em algum momento, o bloqueio será furado. E se não houver uma contrapartida ofensiva para compensar esse furo, o risco de derrota é enorme. No jogo 2 contra o Orlando, o solitário T-Mac marcou 46 pontos, mas o Detroit conseguiu dar uma resposta, com os 30 de Rip Hamilton e os 48 somados por Chauncey Billups, Cliff Robinson, Ben Wallace e Corliss Williamson. Isso não vai acontecer sempre.
Passei a última madrugada estudando com calma a tabela que mostra os pontos marcados e os pontos cedidos por cada time da NBA. A análise rendeu conclusões curiosas, e a mais interessante é que o sonhado equilíbrio não passa de utopia. Ninguém consegue se manter, ao mesmo tempo, entre os dez melhores no ataque e na defesa.
Já que é difícil conciliar, cada conferência fez sua opção. O Oeste tem quatro dos cinco ataques mais positivos (Mavs, Warriors, Kings e Lakers), enquanto o Leste tem quatro das cinco defesas menos vazadas (Pistons, Nets, Heat e Hornets). Levando em conta o abismo que há entre a ala rica do Pacífico e a ala pobre do Atlântico, suponho que uma retranca encolhida não rende tantos frutos quanto um esquema ofensivo bem azeitado.
Isso significa o triunfo da arte sobre a força? Talvez. A discussão passa por uma série de pontos subjetivos, especialmente num esporte em que tudo pode se decidir com uma cesta no último segundo. Meu conselho é deixar de lado a teoria e seguir a intuição. Se uma bandeja de Kobe lhe dá mais prazer que um toco de Wallace, fique com Kobe. Se uma roubada de Artest lhe parece mais atraente que uma assistência de Kidd, fique com Artest. E seguimos todos satisfeitos, sempre de olho no jogo.
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Por falar em jogo, a rodada de domingo promete emoção da hora do almoço até a última refeição do dia. Às 13h, matinê com transmissão da ESPN: o Boston Celtics tenta ampliar a vantagem sobre o Indiana Pacers. À tarde, censura livre: o Los Angeles Lakers recebe o Minnesota Timberwolves e o Orlando Magic abre suas portas para o Detroit Pistons. À noite, programa para gente grande: o Dallas Mavericks tenta varrer o Portland Trail Blazers enquanto San Antonio Spurs e Phoenix Suns se engalfinham na America West Arena.
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(Foto - Andy Lyons/NBAE)
26.4.03
:::: BLOCO DE NOTAS ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
Iluminado, Nowitzki é o motor que move os Mavericks
SEM MEDO - Amarelo, só mesmo o cabelo. Com o Dallas Mavericks nas costas, Dirk Nowitzki vem proporcionando um sonoro cala-boca aos críticos que o acusavam de tremer em momentos decisivos. O alemão está a uma vitória de varrer o Portland Trail Blazers dos playoffs. Ontem, foram 42 pontos, incluindo 16 no quarto período. A performance nos chutes de longa distância foi de deixar a torcida adversária boquiaberta. “Fiquei surpreso por eles terem me deixado tão livre para arremessar”, admitiu o alemão. O técnico do Portland, Maurice Cheeks, completou a frase: “Ele não foi o único. Eu também fiquei muito surpreso.” No banco, vestindo terno, Scottie Pippen não pôde fazer nada. É uma pena que o veterano ala-armador tenha se contundido na reta final. Mesmo que volte no jogo 4, já será tarde demais.
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CONJUNTO - Ao que parece, o pessoal do Orlando estudou cuidadosamente a partida entre Boston e Indiana, na quinta-feira. A lição foi seguida à risca. Assim como os Celtics aliviaram a pressão em cima de Paul Pierce, o Magic fez o mesmo com Tracy McGrady. O craque marcou “apenas” 29 pontos, contando com a ajuda de Darrell Armstrong e Drew Gooden para reforçar o ataque e bater o Detroit Pistons. Ben Wallace, que apanhou 22 rebotes, sabe que seu time está com a corda no pescoço. Uma derrota no próximo encontro será fatal para o líder do Leste.
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FINALMENTE - Longe de sua torcida, o francês Tony Parker enfim resolveu aparecer nos playoffs. Com 29 pontos, ele encarou Stephon Marbury e comandou o San Antonio Spurs, que teve até certa facilidade para superar o Phoenix Suns na America West Arena. Marcado severamente, Tim Duncan, o aniversariante do dia, anotou apenas 11 pontos, mas compensou com 23 rebotes. O resultado fez o mando de quadra voltar para a equipe com melhor campanha na temporada regular. Mas a série ainda promete boas doses de emoção.
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BOLETIM MÉDICO - Mesmo com o joelho machucado, Baron Davis está confirmado no New Orleans Hornets para o embate de logo mais contra o Philadelphia 76ers (vamos conferir, pela TV, quais são suas reais condições). Jamal Mashburn, que deslocou um dedo da mão direita, continua fora. É uma chance de ouro para a turma de Allen Iverson abrir 3-0. Chris Webber é outro que deve voltar hoje à noite, reforçando o Sacramento Kings contra o Utah Jazz. Derek Anderson, do Portland, não teve a mesma sorte. Na manhã de hoje, o armador se submeteu a uma cirurgia no joelho esquerdo. Não há prazo para retorno.
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ACIDENTE CASEIRO - Um curioso episódio marcou o jogo 2 entre New Jersey e Milwaukee, na terça-feira. Tentando salvar uma bola quase perdida, Jason Kidd se atirou na lateral da quadra e caiu em cima do próprio filho, T.J. Kidd, que assistia à partida ao lado da mãe. Com a colisão, o garoto, de apenas 4 anos, fraturou a clavícula e abriu o berreiro.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
Anthony Peeler, ex-Lakers, tem sido uma pedra no tênis de Kobe Bryant desde que foi efetivado como titular no Minnesota. Méritos também para Troy Hudson, que se agigantou na hora certa.
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“É ridículo quando as pessoas dizem que somos um time de um homem só”. Esse é Darrell Armstrong, dividindo os holofotes com T-Mac.
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Agora é oficial. LeBron James e Carmelo Anthony estarão no próximo draft da NBA. Denver e Cleveland já estão se coçando.
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No draft da WNBA, todas as atenções foram para Cheryl Ford, filha de Karl Malone, escolhida pelo Detroit Shock. Torcemos para que ela tenha herdado o basquete do pai. Só o basquete.
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(Foto – Jonathan Ferrey/NBAE)
25.4.03
BOSTON SOLIDÁRIO, INDIANA MÍOPE
Coadjuvantes como McCarty fizeram bonito na quinta
Quando Ron Mercer converteu um arremesso a seis minutos do fim do terceiro período, o Indiana Pacers perdia por dez pontos e ensaiava uma reação. A esta altura, o Boston Celtics, diante de sua torcida, temia que o adversário aumentasse a pressão e lhe roubasse a vitória no jogo 3. O que veio em seguida foi justamente o oposto. Após a cesta de Mercer, o time visitante só conseguiu acertar outra quando faltavam quatro minutos para terminar a partida. A crise na pontaria custou caro e deixou o Indiana em maus lençóis. Agora, não será nada fácil apagar o 2-1 e recuperar o domínio na série.
O festival de erros não foi o único fato estranho ocorrido ontem no Fleet Center. Para surpresa geral, seis atletas do Boston pontuaram em dígitos duplos, derrubando (ao menos por uma noite) a tese de que Paul Pierce e Antoine Walker jogam sozinhos. A dupla de craques foi fundamental ao somar 38 pontos, mas vale ressaltar a ajuda preciosa de Walter McCarty (14), Tony Delk (14), Eric Williams (12) e Tony Battie (12). O novato J.R. Bremer, com 9, também não fez feio. Quem diria que os Celtics bateriam os Pacers apostando no conjunto? Deve haver alguma coisa errada.
O que há de errado, como sempre, é o comportamento de Ron Artest, mais uma vez nervoso, expulso por ter cometido duas faltas técnicas. Também não foi nada correta a atuação de Reggie Miller, desperdiçando os sete arremessos tentados. Tim Hardaway, contratado como salvador da pátria para os playoffs, deixou a quadra zerado, após três tiros fora do alvo. A mira torta do Indiana refletiu um aproveitamento de 33% (26 de 80), pouco para quem sonha com o título do Leste. Ao meio-dia de domingo, a bola sobe para o quarto confronto. Haverá tempo de sobra para esquentar as mãos e evitar um novo vexame.
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Logo mais, três partidaços: Spurs x Suns, Pistons x Magic, Mavericks x Blazers. Os dois últimos embates serão transmitidos na rodada dupla da ESPN. Vale a pena grudar os olhos na TV.
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Com muita justiça, Amare Stoudemire foi escolhido como melhor calouro do ano, seguido por Yao Ming, Caron Butler, Manu Ginobili, Drew Gooden e o nosso Nenê Hilario, que pescou uma honrosa sexta posição. A lista publicada aqui há duas semanas seguia essa mesma ordem, mas encaixava Gordan Giricek na quarta posição. Na eleição de verdade, o jovem croata sequer foi mencionado, o que significa um erro duplo. Primeiro, da minha bola de cristal. Depois, dos próprios votantes, que ignoraram uma das maiores revelações da temporada.
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(Foto - Nathaniel S. Butler/NBAE)
24.4.03
A MALDIÇÃO DO JOELHO ESQUERDO
Davis é um dos cinco jogadores que baixaram
na enfermaria do playoff pelo mesmo motivo
Mal começaram os playoffs e a enfermaria já tem fila na porta. Algumas equipes conseguem superar as contusões e mostram que tudo não passa de um susto. Outras, com menos sorte, penam para encontrar peças de reposição e, dia após dia, correm contra o relógio. O tempo passa, as partidas se atropelam e o fantasma da eliminação se torna cada vez mais nítido. Por trás de toda essa história, um único vilão: o joelho esquerdo, que derrubou cinco jogadores até agora.
Pelo mesmo motivo, Baron Davis, Scottie Pippen, Derek Anderson, David Robinson e Ben Wallace andam às voltas com bolsas de gelo e fisioterapia. Este último, mesmo sem estar 100%, já voltou às quadras. Os outros quatro ainda vivem a angústia de aguardar a liberação médica.
A lesão de Wallace provavelmente foi a mais grave. O ala-pivô do Detroit Pistons ficou de molho nas últimas semanas da temporada regular e retornou, com derrota, no jogo 1 contra o Orlando Magic. A reação veio ontem, com a vitória que empatou a série.
Hoje, quem vive o maior drama é Baron Davis. Sem previsão de recuperação, ele sofre com a possibilidade de ver o New Orleans eliminado, já que o companheiro Jamal Mashburn também se machucou (deslocou um dedo da mão direita). O Philadelphia 76ers lidera por 2-0 e, ao menos na teoria, encontrará menos resistência daqui em diante. É uma pena que a bela campanha dos Hornets tenha um desfecho tão triste.
O mesmo vale para o Portland Trail Blazers, que fez bonito na fase de classificação e perdeu, de uma só vez, os armadores Scottie Pippen e Derek Anderson. Resultado: nem os 45 pontos de Bonzi Wells na noite de quarta-feira salvaram o time de uma derrota para o Dallas Mavericks, que fez o dever de casa e abriu 2-0 na série.
David Robinson, outro amaldiçoado pelo joelho esquerdo, pode estar à disposição do treinador Gregg Popovich na sexta-feira, contra o Phoenix Suns. Ontem, o pivô treinou levemente, mas os médicos continuam cautelosos quanto à sua escalação. O San Antonio Spurs vai precisar da força máxima para pegar a estrada, bater o adversário e retomar a vantagem do mando de quadra.
Após uma maratona de 82 jogos, é natural que musculatura e articulações estejam no bagaço. Um bom exemplo disso é Chris Webber, que pode desfalcar o Sacramento Kings por causa de problemas nas costas. Ou seja, o quadro das contusões acaba virando uma loteria. A qualquer momento, um craque pode tombar. Feliz é a equipe que, a esta altura, consegue manter seus atletas de pé.
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Ron Artest, do Indiana Pacers, teve mais um ataque de estrelismo. Foi à imprensa e se disse contrariado com o fato de Ben Wallace ter recebido o prêmio de melhor jogador defensivo do ano. Segundo ele, houve injustiça na eleição. Caro Artest, antes que eu me esqueça, baixa a bola e vai cuidar do Boston Celtics, que pode te complicar a vida.
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(Foto - Sam Forencich/NBAE)
23.4.03
PRESTÍGIO EM JOGO
Billups e Armstrong têm reencontro marcado à noite
Atravessar uma temporada de 82 jogos e encerrá-la no topo da tabela não é tarefa para qualquer um. O Detroit Pistons conseguiu tal façanha no lado mais fraco da NBA, mas isso não deveria tirar os méritos da equipe. Bombardeado por previsões negativas, o líder do Leste entrou nos playoffs desacreditado, sem ânimo, contra um Orlando Magic que escorregou para oitava posição na última hora e ainda assim conseguiu arrancar, sabe-se lá de onde, um inesperado favoritismo. A esperança em Auburn Hill era que a prancheta retranqueira de Rick Carlisle pudesse anular a arte de Tracy McGrady. O que se viu em quadra, no entanto, foi um time estéril no ataque, com uma defesa esburacada e incapaz de fazer frente ao cestinha da liga.
A derrota em casa ligou o sinal de alerta. Hoje à noite, o Detroit enfrenta uma espinhosa missão dupla: vencer o jogo 2 e recuperar a confiança (ou pelo menos parte dela). Outro fracasso pode significar uma despedida prematura e traumática, que reforçaria o sorriso irônico no rosto dos críticos. Resta saber se as previsões externas, quase sempre destrutivas, chegam a abalar os jogadores. Para tirar a dúvida, só perguntando aos próprios.
O site oficial da NBA teve a oportuna idéia de abrir uma linha direta com 16 atletas, um de cada equipe classificada. As questões, enviadas de qualquer país do mundo, passam por uma triagem, da qual sobram poucas. Por sorte, consegui que minha pergunta sobre prestígio, crédito e motivação chegasse às mãos de Corliss Williamson. A resposta está no site:
“Às vezes você tem de conquistar o respeito, é preciso trabalhar mais forte como um grupo. Sentimos em nossas mentes que somos um bom time, capaz de conseguir muita coisa, então só precisamos seguir, trabalhar duro nos playoffs. Quanto mais partidas vencermos, mais respeito conquistaremos”, explicou o ala dos Pistons, um dos candidatos ao prêmio de melhor reserva do ano.
Seguindo esse raciocínio, torna-se crucial bater o Orlando logo mais. No caso do Detroit, a tática continua a mesma: subverter a lógica do esporte e provar que o melhor ataque é a defesa. Por isso vale destacar a resposta de Williamson a um leitor da Flórida, que pergunta como ele pretende parar T-Mac: “Ha, Ha, Ha. Quebrando sua perna! (...) Realmente acho impossível anular um jogador como ele. Tudo que se pode fazer é tentar não deixá-lo chegar aos 40 pontos.”
A missão ficará mais palpável para o time da casa se Ben Wallace estiver em forma, se Chauncey Billups, Michael Curry e Cliff Robinson mostrarem serviço no revezamento defensivo, e se Rip Hamilton repetir a boa atuação do primeiro confronto.
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As surpresas que dominaram a rodada inicial começam a dar lugar ao equilíbrio. Até agora, só o Sacramento conseguiu abrir 2-0. Ontem, o Milwaukee de Gary Payton espanou a poeira e empatou a série contra o New Jersey. O mesmo aconteceu com o Minnesota, que contou com 37 pontos de Troy Hudson. Mais uma vez, ficou provado que os Wolves crescem quando Kevin Garnett encontra alguém para dividir com ele o peso da responsabilidade.
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(Foto - Allen Einstein/NBAE)
22.4.03
DÍVIDAS PENDENTES
Gary Payton se esforça para limpar a
imagem arranhada no último sábado
“Precisamos passar mais a bola em vez de driblar. Temos de melhorar na defesa e nos rebotes. Acho que vai ser uma ótima série, mas não podemos ganhá-la se Gary voltar a atuar como no jogo 1.” O autor da frase é o contrariado técnico do Milwaukee Bucks, George Karl. E o Gary citado é o sujeito responsável pela maior decepção dos playoffs até agora.
Logo mais, com transmissão da ESPN, os Bucks voltam a New Jersey e tentam evitar que os Nets abram 2-0 na melhor de sete. Para isso, é fundamental que Gary Payton passe uma borracha na performance de sábado e ofereça alguma resistência ao adversário. O que se viu na primeira partida foi uma avenida escancarada para Jason Kidd, que anotou 14 pontos, 14 assistências e 6 rebotes.
Payton esteve irreconhecível. Permaneceu zerado durante três períodos e terminou com apenas 8 pontos. A atuação foi manchada por vários erros bobos e uma pífia performance defensiva. Hoje é o dia de saldar a dívida, sob pena de não ter outra oportunidade. Se o puxão de orelhas de Karl vai funcionar, só vamos saber mais tarde. Mas o próprio Kidd sabe que dificilmente terá a mesma moleza. “Ele não vai repetir aquela atuação. Acredito que será mais agressivo, pressionando nossa equipe. Então devemos estar prontos”, opinou o armador do New Jersey.
Nos Bucks, a mudança não é apenas de comportamento. Tim Thomas, que marcou 19 de seus 25 pontos no último quarto, deve ganhar a vaga de Marcus Haislip entre os titulares. Ervin Johnson também pode ser sacado, para a entrada de Anthony Mason. Em resumo, será um novo Milwaukee. A TV está aí para nos mostrar se a guinada vai reconduzir o time aos trilhos ou jogá-lo no perigoso atalho da eliminação.
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Payton não é o único que está devendo nos playoffs. Tony Parker já teve oportunidades para mostrar serviço e fracassou duplamente. Somando os dois jogos contra o Phoenix, atingiu apenas 9 pontos e 9 passes. Na hora da verdade, o técnico Gregg Popovich preferiu apostar em Speedy Claxton.
Jermaine O’Neal, do Indiana Pacers, amarelou diante do Boston Celtics no jogo 1, mas recuperou o prestígio com a torcida ao registrar 23 pontos e 20 rebotes na vitória de ontem. O mesmo aconteceu com Tim Duncan, apagado na estréia contra os Suns e decisivo na partida que empatou a série, compensando as ausências de David Robinson e Kevin Willis.
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(Foto - Noren Trotman/NBAE)
21.4.03
FOME DE PONTOS
Iverson tinha pressa e logo provou seu valor no jogo 1
Na abertura dos playoffs, a barreira dos 40 pontos foi quebrada quatro vezes. Mais do que belas performances individuais, foram quatro respostas para um tipo de desconfiança crônica. Allen Iverson, Dirk Nowitzki, Tracy McGrady e Paul Pierce tinham algo a provar. E fizeram isso da forma mais incisiva: comendo a bola, vencendo seus jogos e exorcizando fantasmas da temporada regular.
Iverson e Nowitzki são, provavelmente, os atletas menos valorizados no alto escalão da NBA. O primeiro é encarado por muitos como um chutador compulsivo e irresponsável, enquanto o segundo mata um leão por noite para provar que sua equipe, de fato, tem chances de ganhar o título. Pois a dupla abusou da pontuação, reafirmou a vantagem do mando de quadra e pulou na frente da artilharia nesse início de mata-mata.
Os 55 pontos de Iverson contra o New Orleans carregam um certo desabafo, fruto de mais um round na eterna luta do jogador para provar que não é um mero penetra na elite da liga. Nowitzki deve ter sido movido por sentimento semelhante. Afinal, o Dallas se manteve no topo da tabela durante todo o campeonato e nunca foi levado a sério. Já no fim, quando perdeu a posição para o San Antonio, acabou definitivamente limado da lista de favoritos. Logo que entrou nos playoffs, o alemão anotou 46 pontos contra o Portland e deu seu recado, avisando que sua turma está na briga pela taça.
A disputa por outro troféu, o de MVP, contribui para o ressentimento de Nowitzki. Em nenhum momento ele figurou entre os principais indicados, mesmo sendo o ponto forte de um elenco fantástico como o dos Mavericks. Tal preterição também fez de McGrady um homem mordido. Até o All-Star Game, ele era o favorito na corrida individual. De lá para cá, foi atropelado por Kobe Bryant, Kevin Garnett e Tim Duncan. Na segunda fase, precisou mostrar que ainda está vivo: marcou 43 em Detroit e roubou dos Pistons o mando de quadra.
Completando o quarteto, Pierce jogou para o alto as especulações sobre suas condições físicas e tomou conta do jogo 1 contra os Pacers, em Indianápolis. Com 40 pontos, 11 rebotes e lances decisivos nos minutos finais, foi o craque de (quase) sempre, saudável, disposto, em plena forma.
Obviamente, não vai adiantar nada se Pierce, T-Mac, Nowitzki e Iverson pisarem no freio agora. Os críticos estão de olho e qualquer falha será cobrada com vigor. É hora de afundar o pé no acelerador e manter a velocidade. De preferência até a última partida.
(Foto – Jesse D. Garrabrant/NBAE)
20.4.03
PLAYOFFS NA CONTRAMÃO
Garnett foi bem, mas não o bastante para anular Kobe
Marbury, Kobe, Pierce e T-Mac. Está aí a turma que resolveu virar os playoffs do avesso. Fora de casa, Suns, Celtics, Magic e Lakers não fizeram cerimônia e embolsaram o primeiro jogo de suas séries, invertendo o mando de quadra e anulando qualquer prognóstico sobre o que vem por aí. O começo da segunda fase não poderia ter sido melhor: performances de gala, lances inacreditáveis, favoritos tombando e azarões se impondo.
Do quarteto abusado que roubou a vantagem no primeiro confronto, talvez esteja em Los Angeles a maior chance de levar o trabalho até o fim e eliminar o adversário. Até porque, das oito séries, esta é teoricamente a mais equilibrada. Por isso a vitória de domingo foi um passo fundamental para os Lakers. De certa forma, a missão inicial em Minnesota já está cumprida, e uma derrota na segunda partida não será motivo para pânico. Os 39 pontos de Kobe Bryant, aliados aos 32 de Shaquille O’Neal, mostraram a Kevin Garnett que a camisa (quando envergada pelo talento, claro) pode pesar na hora decisiva. Agora, se quiserem sair da rotina e evitar mais uma eliminação prematura, os Wolves terão de arrancar pelo menos um triunfo heróico no Staples Center. Não é tarefa fácil.
O Phoenix, por sua vez, tem boas chances de aumentar o estrago que fez em San Antonio. David Robinson, excelente no jogo 1, torceu o tornozelo esquerdo e pode desfalcar o time da casa. O reserva Kevin Willis está fora, suspenso por ter dado uma cotovelada na garganta de Scott Williams. Ou seja, o peso do garrafão será dobrado nas costas de Tim Duncan. Malik Rose não compromete, mas é a única opção para a posição. Não há mais ninguém no banco. Os desfalques devem facilitar a vida de Williams, Stoudemire e Bo Outlaw, desafogando Stephon Marbury e Shawn Marion.
No Orlando Magic, o clima é de alívio. Afinal, a badalada defesa do Detroit Pistons ainda não encontrou uma forma de parar Tracy McGrady. No domingo, foram 43 pontos. A tendência, no entanto, é que Ben Wallace recupere a forma e dificulte as tramas ofensivas armadas por Doc Rivers. Está aí um duelo imprevisível.
O mesmo vale para Boston x Indiana. Sabe-se lá se Paul Pierce vai repetir o show de sábado, se a mira de Antoine Walker estará apurada, se os Pacers vão acertar a marcação e errar menos no ataque, se Tim Hardaway vai justificar sua contratação, se Ron Artest será novamente eliminado por faltas, se Jermaine O’Neal vai amarelar nos minutos finais outra vez...
Façam suas apostas. Porque as minhas, assim como Kevin Willis, estão suspensas.
(Foto - David Sherman/NBAE)
19.4.03
:::: BLOCO DE NOTAS ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
Marbury bateu o San Antonio
e tomou o mando de quadra
OS INTRUSOS - Bem, eu me rendo. Acabo de voltar da lixeira do prédio, onde deixei minha bola de cristal. De fato, pensei que o San Antonio Spurs fosse massacrar o Phoenix Suns. No entanto, fico feliz ao constatar que o basquete ainda pode subverter o óbvio e proporcionar uma partida elétrica, magnífica, histórica, como esta que a ESPN transmitiu na noite de sábado. No fim do quarto período, o calouro Amare Stoudemire encomendou uma improvável cesta de três e mandou o duelo para a prorrogação. Mas o melhor foi guardado para o último segundo do tempo extra, com esse cidadão chamado Stephon Marbury. Marcado, desequilibrado, em movimento e com a sirene quase tocando, ele disparou o míssil da redenção. Três pontos, vitória garantida e vários homens de uniforme roxo pulando em direção ao vestiário. Lá dentro, só festa. Merecidíssima. Se eu tivesse que apostar sobre o futuro da série, ainda confiaria na virada dos Spurs. Mas aprendi a lição e agora não aposto em mais nada. Só torço. E como não torcer para quem apronta uma farra dessas na casa do melhor time de toda a NBA?
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HOMEM DE FERRO - Ao que parece, o Boston Celtics caprichou na vitamina para derrubar outra de minhas previsões. Paul Pierce ainda não cansou. Mesmo após uma temporada exaustiva, com todo o peso do time nas costas, o armador teve uma atuação espetacular, anotou 40 pontos, pegou 11 rebotes e roubou o mando de quadra no jogo 1 contra o Indiana Pacers. Na linha de lances-livres, foram 21 acertos em 21 tentativas. Antoine Walker também esteve bem, com 22 pontos. O time da casa deixou uma impressão preocupante: excesso de faltas, pânico ofensivo e Jermaine O’Neal cometendo erros bobos nos últimos minutos. A série começou a ficar verde.
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SEM ZEBRA - O New Jersey Nets, por sua vez, não deu sopa para o azar e atropelou o Milwaukee Bucks, com sete jogadores pontuando em dígitos duplos. Abalado pela morte do irmão, Dikembe Mutombo praticamente sumiu em quadra, mas não chegou a fazer falta. Kenyon Martin tomou conta do garrafão, marcando 21 pontos e apanhando 15 rebotes. Jason Kidd encarnou o garçom e distribuiu 14 assistências para os companheiros. No Milwaukee, pesou a péssima atuação de Gary Payton, com apenas 8 pontos e uma profusão de falhas infantis.
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BRUXA SOLTA - Alguns pivôs da NBA andam em maré de azar. Além do irmão de Mutombo, morreu também o avô de Shaquille O’Neal. O enterro, previsto para o início da semana, pode tirar o astro dos Lakers de um dos jogos contra o Minnesota. Outro que ainda não tem escalação garantida é Ben Wallace, que se recupera de contusão no Detroit Pistons.
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O REI DA LIGA - Das pretensiosas listas do Rebote, ficou faltando a principal: a de MVP. Lá na primeira nota, prometi não fazer mais apostas. Mas isso aqui não é aposta, só estou dando minha opinião sobre o assunto. Como os playoffs já entraram em cena, seria inoportuno desperdiçar uma crônica inteira com justificativas para cada um dos meus dez favoritos. Por isso resolvi espremer a seleção aqui no Bloco, limitando os comentários apenas aos três primeiros (que, por sinal, encontram-se praticamente no mesmo nível).
1) KEVIN GARNETT – Talvez seja o atleta que reúna atualmente o mais vasto repertório de habilidades. Sua carreira nunca esteve tão bem. Pena que não tenha ao seu lado outro nome de ponta. Seria o bastante para tornar os Wolves quase imbatíveis.
2) KOBE BRYANT – Cumpriu uma temporada fantástica, na ponta dos cascos. Nos momentos mais delicados, conseguiu se superar e colocou o time nas costas (e olha que Shaq deve pesar um bocado). É sem dúvida o sujeito mais credenciado para herdar o legado de Michael Jordan.
3) TIM DUNCAN – Se fosse um pouco menos discreto, seria o primeiro da minha lista. É o melhor ala de força que surgiu na liga desde Karl Malone. Talvez lhe falte um pouco de vibração em quadra. Fora isso, é perfeito.
O Top-10 se completa com: 4) TRACY MCGRADY; 5) ALLEN IVERSON; 6) SHAQUILLE O’NEAL; 7) CHRIS WEBBER; 8) DIRK NOWITZKI; 9) PAUL PIERCE; 10) JASON KIDD. Este ano foi especialmente generoso em performances individuais, o que me forçou a excluir da lista nomes de peso como o próprio Malone, Ben Wallace, Jamal Mashburn, Jermaine O’Neal, Steve Francis, Michael Finley, Stephon Marbury, Shawn Marion e Antawn Jamison. Todos estão de parabéns.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
Shaq perdeu o avô mas ganhou o terceiro filhote. Na madrugada de sexta para sábado, sua esposa, Shaunie, deu à luz um menino.
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Em comum acordo com a diretoria, o lendário técnico Lenny Wilkens deixou o Toronto Raptors. Aos 65 anos, após atravessar o pior campeonato de sua vitoriosa carreira, ele garante que ainda está longe da aposentadoria.
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As boas notícias têm passado longe de Nova York. Antonio McDyess vai se submeter a uma nova cirurgia no joelho e pode continuar ausente em 2003-2004.
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A turma dos eliminados já começa a se movimentar nos bastidores. Eddie Jones deve ser negociado pelo Miami Heat; Jerry Stackhouse está disposto a permanecer em Washington; e a renovação de Gilbert Arenas virou prioridade absoluta para o Golden State.
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(Foto - Ron Hoskins/NBAE)
18.4.03
GEOGRAFIA DISTORCIDA
O San Antonio conseguiu a proeza de atingir o
topo do Oeste, onde o talento é pré-requisito
Imagine, num campeonato de futebol, que seu time conquiste a Primeira Divisão. Antes de comemorar o título, porém, é preciso comparecer a um duelo com o vencedor da Segundona. É mais ou menos assim que funciona a NBA. O herói que sobrevive à guerra do Oeste só recebe o troféu após despachar um primo pobre do Leste na Final. Talvez fosse mais justo (apesar de menos prático) unir as conferências e classificar os 16 primeiros para o mata-mata, sem se preocupar com a geografia. Quando o assunto é basquete, o mapa dos Estados Unidos pesa mais no lado banhado pelo Pacífico. Vamos, portanto, às previsões.
POR QUE O SAN ANTONIO VAI BATER O PHOENIX?
Ora, que pergunta mais besta. Limpando a poeira da minha bola de cristal, dá para ver que o San Antonio vai bater não só o Phoenix como qualquer outra equipe que cruzar seu caminho. À exceção de Tim Duncan, os Spurs não têm estrelas (David Robinson, quase de bengala, não conta). Mas o elenco é invejável, com qualidade que transborda entre os titulares e sobra para os reservas. Azar dos Suns, que fizeram um ótimo trabalho e mereciam alguma recompensa nos playoffs. Quem sabe uma vitoriazinha. Já estaria de bom tamanho.
POR QUE O SACRAMENTO VAI BATER O UTAH?
Porque os Kings são, provavelmente, o time mais organizado, disciplinado e equilibrado de toda a liga. Como se isso não bastasse, os jogadores esbanjam talento e alguns deles (Webber, Stojakovic, Bibby) são capazes de decidir partidas sem a ajuda de ninguém. Karl Malone e John Stockton merecem todas as honras e homenagens, mas passar pelo Sacramento é pedir demais. Se realmente estiver pensando em se aposentar, a dupla deve aproveitar os próximos quatro, cinco ou seis jogos. Podem ser os últimos de uma trajetória brilhante.
POR QUE O DALLAS VAI BATER O PORTLAND?
Por um motivo muito simples: na balança, os Mavs são melhores que os Blazers. Esta série pode ser a mais disputada do Oeste, mas no fim das contas Nowitzki, Nash e Finley acabam avançando. O técnico do Portland, Maurice Cheeks, tem uma missão inglória pela frente: além de quebrar a cabeça para encontrar um meio de superar o adversário, precisa manter seus garotos longe das encrencas.
POR QUE O LOS ANGELES VAI BATER O MINNESOTA?
Porque o Minnesota não é o San Antonio ou o Sacramento. Ou o Dallas, vá lá. Só essas três equipes (especialmente as duas primeiras) são capazes de mandar os Lakers para casa. Sei que Kevin Garnett está tinindo e Flip Saunders azeitou seu desenho tático com extrema competência. Mas do outro lado da quadra estarão Phil Jackson, Kobe Bryant e Shaquille O’Neal. Essa gente conhece bem um mata-mata e sabe o modo certo de cozinhar cada jogo. Em todo caso, aposto neste embate como o mais eletrizante de todo o playoff.
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PARTO - Prometi para hoje um comentário sobre a possibilidade de Shaq se ausentar de algumas partidas para cuidar de sua esposa e do bebê que está para nascer. Na verdade não há muito o que falar. Jackson já disse que o pivô não vai desfalcar os tricampeões, e o próprio O’Neal decidiu não alimentar a polêmica. Resta esperar para ver.
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(Foto - NBAE)
17.4.03
PARA GENTE GRANDE
Os playoffs começam neste sábado e os Nets
tentam defender o título da conferência Leste
Michael Jordan se foi. Vida que segue, vêm aí aos playoffs. Na tarde de sábado, começa a segunda fase de um campeonato emocionante como não se via há algum tempo. Que me desculpem os meninos, mas a partir de agora o jogo é para gente grande. Especialmente no Oeste, que promete batalhas épicas do primeiro round à Final. Mas deixemos Spurs, Kings, Mavs, Wolves, Lakers, Blazers, Jazz e Suns para amanhã. Hoje, vamos cuidar da imprevisível conferência Leste. Como a cautela não está entre as minhas virtudes, é hora de enfiar o pé na porta e abrir a temporada de palpites.
POR QUE O DETROIT VAI BATER O ORLANDO?
Porque, na hora decisiva, os Pistons mostraram força e o Magic decepcionou. Chauncey Billups, Rip Hamilton e Mehmet Okur se agigantaram na ausência de Ben Wallace e garantiram o merecido primeiro lugar. O Orlando, por sua vez, caiu de rendimento nas últimas semanas. Ontem, completou o papelão ao não escalar Tracy McGrady na derrota para o Milwaukee (que fez o time cair para a oitava posição). A tática estúpida de escolher um adversário teoricamente mais fácil serve apenas para manchar uma campanha até então honrosa. Pois saiba o Magic que o tiro pode sair pela culatra. Dikembe Mutombo, contundido e com problemas pessoais, deve desfalcar o “forte” New Jersey no início dos playoffs, enquanto Wallace provavelmente atuará pelo “fraco” Detroit desde o jogo 1. Espero que T-Mac tenha descansado bastante. Caberá a ele a missão quase impossível de recuperar o moral da sua equipe e fazê-la avançar à fase seguinte.
POR QUE O NEW JERSEY VAI BATER O MILWAUKEE?
Porque um elenco é infinitamente superior ao outro. Mesmo sem Mutombo, os Nets têm qualidade de sobra para se impor aos Bucks, que vêm mostrando mais transpiração do que inspiração. Além disso, Jason Kidd e seus companheiros conhecem bem o caminho que leva até a Final. Gary Payton deve oferecer alguma resistência, mas isso não chega a assustar os atuais campeões do Leste.
POR QUE O INDIANA VAI BATER O BOSTON?
Porque Paul Pierce e Antoine Walker estão exaustos. Para os Celtics, o formato antigo, em melhor de cinco partidas, seria menos cansativo e mais motivador. Com a mudança na regra, vão precisar suar muito a camisa para vencer quatro vezes. Os Pacers, que aliam a juventude de Jermaine O’Neal e Ron Artest à experiência de Reggie Miller e Tim Hardaway, assumem o favoritismo do confronto.
POR QUE O PHILADELPHIA VAI BATER O NEW ORLEANS?
Porque Allen Iverson não vai deixar escapar essa chance. Essa me parece a série mais equilibrada. Os Hornets são fortíssimos no conjunto, enquanto os Sixers depositam a esperança no baixinho que há tempos carrega o piano nas costas. Iverson, no entanto, já não sofre de solidão crônica em quadra. Atrás dele, funciona uma cozinha competente, que faz do time um dos favoritos ao título da conferência.
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NOTA ZERO - Para o Milwaukee, que também não parecia interessado em vencer a partida de ontem e poupou Sam Cassell; para o Portland, que estranhamente perdeu para os Clippers e se livrou do confronto com os Lakers; para o site NBA.com, que durante toda a quarta-feira praticamente ignorou a despedida de Michael Jordan em sua página principal; e para Shaquille O’Neal, que cogitou perder o início dos playoffs para acompanhar o nascimento de seu filho (falaremos disso amanhã).
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(Foto - NBAE)
16.4.03
O ÚLTIMO VÔO
Hoje à noite, o rei do basquete entra
em quadra para se despedir dos fãs
“Daqui a dez anos, quando meus filhos estiverem crescidos, vou me lembrar do tricampeonato e terei em meu rosto um sorriso de orgulho.”
Com essa frase, dita à beira da quadra em 1993, Michael Jordan resumiu a emoção de ter conquistado seu terceiro título com a camisa do Chicago Bulls. Poucos minutos antes, a mão certeira de John Paxson havia silenciado a America West Arena com uma bela cesta de três que enterrou as esperanças do Phoenix de Charles Barkley na série final.
Pois os dez anos enfim passaram. O ginásio dos Suns continua de pé, Barkley virou comentarista, Paxson acaba de assumir a gerência dos Bulls e os filhos de Jordan, já crescidos, certamente viverão um momento especial hoje à noite. Afinal, não é todo dia que um pai se despede das quadras carregando o título de melhor jogador da história.
Bem, no caso de Jordan essa cena não chega a ser novidade. Mas, ao que tudo indica, dessa vez é para valer. Às 20h, quando subir a bola para Washington Wizards e Philadelphia 76ers, os súditos terão a derradeira oportunidade de apreciar o mestre em ação. A partir de amanhã, a glória de 15 temporadas ficará cuidadosamente armazenada em videoteipe.
Não importa se a camisa azul pesa menos que a vermelha; se a explosão atlética ficou pelo caminho; se o arremesso já não é tão suave. Hoje é dia de celebrar o passado. Numa rodada de 13 jogos, a briga por posições nos playoffs tornou-se uma questão menor. Todos os olhos estarão voltados para um homem que falhou na missão de levar sua equipe à próxima fase. Quem liga para esse deslize? O legado de sucessos é tão vasto que os raros fracassos nem fazem efeito. Basta olhar para trás.
Lembro-me bem daquela série contra o Phoenix. Foi ali que percebi estar diante de um gênio. Já havia acompanhado os dois títulos anteriores, quando Lakers e Blazers foram as vítimas. Mas o estalo (não sei por que motivo) só veio na batalha de 93, após o disparo de Paxson, o triunfo em território inimigo e os gritos alucinados de Luciano do Valle na Bandeirantes, num tempo em que a TV a cabo era um sonho distante. Em meio aos chuviscos que insistiam em poluir a tela, finalmente notei um time predestinado a construir sua dinastia em torno de um atleta fora-de-série. Não deu outra. Os três campeonatos seguintes concederam aos Bulls um carimbo de excelência na década de 90.
Qualquer jogador da NBA se enche de orgulho quando vive uma noite de herói. Pois Jordan acumulou dezenas delas. Como se não bastassem as alegrias dadas à torcida do Chicago, ele se mostrou generoso ao desfilar seu repertório de lances incríveis por todo o país.
Em 1986, no lendário Boston Garden, anotou 63 pontos numa partida de playoff, registrando um recorde que até hoje não foi quebrado. Três anos depois, em Cleveland, também no mata-mata, presenteou a torcida dos Cavaliers com a jogada que mais tarde foi apelidada de “O Arremesso”: nos segundos finais, pulou para o chute decisivo na cabeça do garrafão e, parado no ar, esperou Craig Ehlo descer para soltar a bola vencedora.
Quando voltou de sua primeira aposentadoria, em 1995, Jordan só precisou de cinco partidas para mostrar que ainda podia fazer a diferença. Em pleno Madison Square Garden, marcou 55 pontos e deu um passe perfeito para Bill Wennington definir a vitória. No jogo 6 da Final de 1998, em Utah, estrelou outro momento histórico. Primeiro, bateu a carteira de Karl Malone para, nos últimos segundos, caminhar até a quadra adversária, driblar magistralmente Bryon Russell e, quase na linha de três, acertar o arremesso que lhe rendeu o sexto título.
A cereja do bolo, no entanto, foi saboreada ao vivo por uma torcida apaixonada no Chicago Stadium, durante o segundo embate da decisão de 1991, contra o Los Angeles de Magic Johnson. Jordan partiu para a infiltração e subiu para a bandeja quando A.C. Green surgiu à sua frente, ansioso por um toco. No ar, o astro dos Bulls passou a bola da mão direita para a esquerda, girou o corpo para evitar o contato com o marcador e converteu a cesta. Talvez tenha sido o lance mais reprisado pela televisão em toda a história do basquete.
O texto já vai chegando ao fim e sequer mencionamos os cinco troféus de MVP, os dez anos seguidos como cestinha da liga, os 13 All-Star Games, os 28 triple-doubles, os 842 jogos consecutivos pontuando em dígitos duplos, as nove eleições para o time de defesa da temporada, o bicampeonato de enterradas e as duas medalhas de ouro olímpicas.
Perto de um retrospecto desses, as façanhas de Kobe Bryant, Tim Duncan e Tracy McGrady parecem coisa de criança. Os novos talentos ainda têm muita estrada pela frente e, quem sabe, um dia podem chegar lá. Por enquanto, convém manter o respeito. O homem está saindo de cena. Desde já, o esporte fica mais triste.
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O MESTRE EM IMAGENS:
Os 63 pontos contra o Boston
Show nas enterradas em 1988
Em 1991, o primeiro título
O melhor lance da carreira
O duelo contra Barkley em 1993
Voando sobre Penny Hardaway
Enterrando em cima de Mutombo
O arremesso decisivo em 1998
Último jogo pelos Bulls no United Center
A longa parceria com Scottie Pippen
Já em Washington, contra Pippen
Momento de alegria na casa nova
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(Foto de abertura - Nathaniel S. Butler/NBAE)
15.4.03
POSIÇÕES DEFINIDAS
Tio Robinson tem excelentes motivos
para celebrar a campanha dos Spurs
A temporada regular termina amanhã com uma rodada de 13 jogos, repleta de atrativos. Sinto informar que, no entanto, a crônica de quarta-feira já está reservada para outro assunto. Cada frase vai girar em torno de um sujeito que verá os playoffs pela televisão, certamente tomado por uma tristeza que, após muitos anos, parece de fato irreversível. Amanhã é dia de História com H maiúsculo, o que me força a antecipar para hoje o debate sobre a briga ferrenha pelas posições na próxima fase.
Ontem, o Detroit Pistons deu uma demonstração de força ao fincar sua bandeira no topo do Leste. Na semana passada, uma grave contusão derrubou Ben Wallace, justamente quando o New Jersey ameaçava ficar com a liderança. O tempo ficou nublado. Pois ontem os Nets perderam em casa para o New Orleans e os companheiros de Wallace fecharam a tampa batendo o Cleveland em Auburn Hill. Na hora da verdade, até a sorte falou mais alto: no último segundo, o calouro Smush Parker, dos Cavs, errou uma enterrada que poderia ter dado a vitória aos visitantes.
O San Antonio Spurs conseguiu feito idêntico ao derrotar o Jazz em Salt Lake City, assegurando a primeira vaga do Oeste. Nem o triunfo do Dallas sobre o Seattle foi capaz de manter as chances de Nowitzki & cia.
Logo mais, o Portland Trail Blazers recebe o embalado Phoenix Suns sabendo que um tropeço pode ser fatal. Afinal, o Los Angeles Lakers, que segue na cola, enfrenta o fraco Denver de Nenê Hilario no Staples Center.
Na quarta-feira, o caldeirão vai esquentar. O destaque é para os confrontos entre equipes que podem trombar em algum momento dos playoffs. Mais que a disputa de posições, as partidas servem para testar, pela última vez, o poder de fogo dos candidatos ao título.
Pelo Leste, são três embates. O sossegado Detroit vai a Boston e enfrenta um grupo em busca de afirmação. O New Jersey, frustrado por perder a liderança e ainda ameaçado pelo Philadelphia, visita o Indiana. E o Milwaukee recebe o Orlando no duelo que vai definir quem fica com a sétima vaga.
No Oeste, Dallas e San Antonio medem forças. O que era para ser um jogo decisivo acabou se tornando um mero amistoso, com valor apenas moral. O Sacramento, garantido em segundo lugar, encerra sua campanha abrindo as portas da Arco Arena para o Utah, numa prévia do round inicial dos playoffs.
Completando a noite, os concorrentes da quarta vaga do Oeste jogam fora de casa: Wolves x Grizzlies, Blazers x Clippers, Lakers x Warriors. Como todos devem vencer, a ordem na tabela dificilmente será alterada. Além disso, os Suns vão a Seattle, já pensando na batalha indigesta contra os Spurs, e os Hornets defendem sua posição diante dos Hawks. Teremos ainda quatro eliminados em quadra (Rockets x Nuggets, Raptors x Cavs).
Ah, ficou faltando uma partida. Mas essa fica para amanhã mesmo. Até lá.
(Foto - D. Clarke Evans/NBAE)
14.4.03
RUMO AO TOPO
Kidd e os Nets procuram um modo de
superar o Detroit na batalha do Leste
A cada rodada, fica mais emocionante a briga pelo primeiro lugar da conferência Leste. New Jersey e Detroit vêm se revezando no topo da tabela, sempre com a leve ameaça do Philadelphia. O fim de semana foi tenso para as três equipes, que ainda jogarão duas vezes até quarta-feira, quando termina a temporada regular.
Os 76ers, que mantinham boas esperanças, praticamente jogaram as chances no lixo com derrotas na sexta-feira (em Nova York) e no domingo (em casa, para o New Orleans). Agora, só um milagre leva o time à primeira vaga. O complemento do calendário, contra Bulls e Wizards, nem é tão difícil. Mas já não basta cumprir sua parte. Com um jogo e meio de desvantagem em relação aos líders, é preciso caprichar na torcida contra eles.
Após dois fracassos inesperados em visitas a Atlanta e Chicago, os Nets bateram o Toronto e hoje estão empatados com os Pistons. Logo mais, recebem os Hornets, precisando desesperadamente de um bom resultado, já que a última rodada prevê um embate complicado contra os Pacers, em Indianápolis.
Ainda sem Ben Wallace, o Detroit tem uma vantagem no duelo com os Nets: o critério de desempate. Mas precisa abrir o olho. Ontem, quase estragou tudo, escapando por pouco de um tropeço em Memphis. A vitória sobre os Grizzlies só veio após duas prorrogações e uma performance heróica de Chauncey Billups. O compromisso de hoje não poderia ser mais fácil: em casa, contra o lanterna Cleveland Cavaliers. Salvo algum acidente, a equipe vai confiante para a rodada final, em Boston, sabendo que pode até perder, desde que o New Jersey não vença o Indiana.
Aos Pistons, resta manter a cabeça no lugar e evitar erros bobos. Aos Nets, resta dar o sangue nas duas próximas partidas. E aos Sixers, resta apelar para todos os santos.
(Foto - Allen Einstein/NBAE)
13.4.03
A HORA DOS GAROTOS
Amare Stoudemire tem tudo para se
tornar um dos melhores alas da liga
A renovação do basquete americano andava meio estacionada nos últimos dois anos. Para comprovar esta tese, vale fazer um curioso exercício. Unindo os drafts de 2000 e 2001, teríamos a seguinte seleção: Kenyon Martin, Pau Gasol, Richard Jefferson, Mike Miller e Tony Parker. Com exceção de Parker, que se destaca, todos ali são apenas bons jogadores. E o deserto de talento foi tão grande que nem daria para montar aqui um banco de reservas decente.
Agora confira uma escalação fictícia dos drafts de 1998 e 1999: Elton Brand, Dirk Nowitzki, Paul Pierce, Steve Francis e Mike Bibby. Gostou? Pois saiba que ainda sobrariam Vince Carter, Shawn Marion, Antawn Jamison, Baron Davis, Andre Miller, Ron Artest, Michael Olowokandi, Lamar Odom, Jason Williams, Bonzi Wells, Larry Hughes, Matt Harpring, Ricky Davis, Wally Szczerbiak, Rip Hamilton, Jason Terry...
Em resumo, há um abismo entre a fraquíssima safra 00-01 e as que vieram antes. Em 2002, acendeu-se uma luz no fim do túnel. Ao que parece, o último draft conseguiu corrigir esse defeito e lançou no caldeirão uma boa dose de esperança para o futuro. Segue abaixo o Top-10 do Rebote para os calouros do ano. Os três primeiros são excelentes e já estão prontos. Os demais têm plena condição de evoluir nas temporadas seguintes.
1. AMARE STOUDEMIRE - Forte, ágil, maduro, agressivo, raçudo, inteligente, tudo isso com apenas 20 anos. O que mais se pode dizer sobre o ala Phoenix Suns? Vendo-o jogar, me lembro dos melhores momentos de Antonio McDyess ou Rasheed Wallace (sem as contusões do primeiro e as confusões do segundo). É aposta certa para integrar a elite da posição, quem sabe já no próximo ano.
2. YAO MING - Esqueça o marketing. O pivô chinês superou o baixo rendimento inicial, conseguiu se adaptar e tem tudo para carregar o Houston Rockets nas costas por muito tempo. Com a ajuda de Steve Francis, a tarefa deve ficar ainda mais fácil. Além do tamanho, mostrou bom posicionamento e habilidade no garrafão. Com um pouco mais de experiência, vai se tornar o ponto de segurança da equipe. Complicou o jogo? Bola para o chinês.
3. CARON BUTLER - É uma pena que o duelo entre Yao e Amare tenha mantido o ala do Miami Heat longe dos holofotes. Butler é um daqueles jogadores que a NBA adora: atlético, versátil, joga em várias posições, pontua bem, aparece na defesa, pega rebotes, puxa o contra-ataque, faz de tudo um pouco. De quebra, é o cestinha entre os novatos, com 15.4 pontos por noite. O futuro lhe aguarda.
4. GORDAN GIRICEK - A mudança para o Orlando Magic fez muito bem para o croata. Na reta final, ele mostrou o quanto pode ser útil para sua equipe. O gatilho certeiro nos arremessos faz dele uma das grandes apostas do time, que deve evoluir em torno de Tracy McGrady.
5. EMANUEL GINOBILI - Na primeira metade do campeonato, as contusões perturbaram um bocado o armador argentino. Mas de lá para cá, Manu conquistou seu espaço num elenco repleto de talento e se tornou uma das principais opções do San Antonio Spurs (tanto no ataque como na defesa). Tudo isso vindo do banco. Com um pouco de sorte, ainda pode ser campeão em sua temporada de estréia.
6. DREW GOODEN - Teve um excelente começo em Memphis, depois caiu de produção e recuperou seu melhor basquete quando chegou a Orlando. Com boa presença no garrafão, solucionou um dos maiores problemas da equipe.
7. NENÊ HILARIO - A performance do brasileiro ficou dentro das minhas expectativas. Conseguiu se salvar em meio à mediocridade do Denver Nuggets, mostrando personalidade embaixo da cesta e encarando os temidos grandalhões do Oeste. Precisa aprimorar os arremessos de média distância e aprender a evitar as faltas no início das partidas. No geral, está de parabéns.
8. JAY WILLIAMS - Talvez tenha sido a maior decepção da safra, comprovando o azar do Chicago Bulls nos drafts desde que Michael Jordan deixou o time. Em determinado momento, chegou a ser barrado pelo limitado Jamal Crawford e arrumou atritos com o técnico Bill Cartwright. No entanto, é um armador habilidoso e pode engrenar a qualquer momento.
9. CARLOS BOOZER - Até a convocação para o desafio dos calouros no All-Star Game, ninguém falava muito nele. A situação é parecida com a de Nenê: conseguiu a proeza de mostrar serviço no péssimo Cleveland Cavaliers.
10. DAJUAN WAGNER - Começou muito bem, mas se rendeu à pasmaceira dos Cavs e sofreu com uma grave lesão que o mandou para o estaleiro.
(Foto - Jennifer Pottheiser/NBAE)
12.4.03
11.4.03
ENFIM, MISSÃO CUMPRIDA
Com muita dificuldade, Allen Iverson parece
ter conquistado a sonhada vaga em Atenas
Fontes seguras garantem: Allen Iverson será convocado para as Olimpíadas da Grécia. Após muito disse-me-disse, a decisão foi tomada por integrantes do comitê da seleção americana, numa reunião feita por teleconferência. Os inimigos vão torcer o nariz. Mas o basquete agradece, e é isso que importa.
Na elite da NBA, Iverson é certamente o atleta com maior índice de rejeição. Aqui mesmo no Brasil, não lhe faltam críticos ferozes. Muitos vêem o armador do Philadelphia 76ers como um nome de segundo escalão, um arremessador compulsivo que só mantém a alta pontuação porque, a cada noite, lança dezenas e dezenas de bolas à cesta. Discordo com veemência dessa tese.
Sei que não cabe compará-lo a alguns pares da posição, como Kobe Bryant e Tracy McGrady. A justa fama de encrenqueiro também contribui na hora da avaliação. Mas barrá-lo na porta do salão nobre da NBA é uma incoerência. E deixá-lo em casa durante uma Olimpíada chega a ser imperdoável.
Até Shaquille O’Neal, que resolveu desprezar os Jogos Olímpicos, entrou na briga para defender a convocação do baixinho invocado. É claro que isso também foi um pretexto para alfinetar o rival Mike Bibby, mas a campanha é válida.
Após seis temporadas no Philadelphia, Iverson atravessa seu melhor momento. Numericamente esse clímax não aparece, mas a preocupação com os passes e a boa vontade na defesa fizeram dele um atleta mais completo. Sem contar que os pontos continuam transbordando a cada partida, o que lhe rende a posição de terceiro cestinha da liga (atrás apenas dos já citados Kobe e T-Mac).
A excelente fase se deve a uma trégua nos atritos com o técnico Larry Brown. A convivência deixou de ser um transtorno, e os elogios agora partem do próprio comandante. “Ele tem sido muito profissional”, salientou Brown. “Este é seu melhor ano. É fenomenal o modo como vem jogando e interagindo com os companheiros.”
A dupla, que já trocou muitas farpas, agora divide objetivos comuns. O primeiro é imediato e bastante plausível: levar os Sixers a mais um título do Leste. O segundo, cujo passo inicial foi dado com o anúncio de ontem, é para 2004: recuperar o orgulho da seleção americana e buscar a medalha de ouro na Grécia. Convém não duvidar de nenhum deles.
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CARONA - Como nem tudo é perfeito, Jermaine O’Neal deve aproveitar o barco e garantir também a sua convocação. O ala-pivô do Indiana é muito bom, mas não o suficiente para representar a tradição de seu país no basquete. Basta recordar o vexame no último Mundial.
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(Foto - Jesse D. Garrabrant/NBAE)
10.4.03
DIA DE TERREMOTO NA CALIFÓRNIA
Quando esses rapazes se encontram,
a melhor saída é evitar interferência
A rodada de hoje prevê apenas um par de jogos. É mais que o suficiente. Numa espécie de preliminar, o Philadelphia 76ers, ainda de olho na liderança do Leste, faz uma visita ao angustiado Boston Celtics. Contando as últimas dez rodadas, a turma de Paul Pierce tem o pior retrospecto entre os 16 times que entrariam no playoff se a temporada regular terminasse agora. O fato é que aquela camisa verde não anda assustando ninguém. Por isso, anular Allen Iverson logo mais tornou-se uma questão de honra.
Com todos esses ingredientes, deve ser um duelo bom de assistir. Poderia até ser a grande atração da noite. Mas não será, porque a rodada se completa com o maior clássico contemporâneo da NBA. Com os nervos agitados, Lakers e Kings se engalfinham no Staples Center.
Uma simples vitória é tudo que o Sacramento precisa para enfiar o pé na porta da próxima fase como favorito ao título. Admito que o San Antonio Spurs está tinindo, mas o momento é dos pupilos de Rick Adelman. Uma turnê avassaladora pelo Leste e a marca de 11 vitórias nos últimos 12 jogos provam que a equipe se agigantou no momento certo. Após um ano de contusões, o elenco vive uma fase de saúde plena. E a química em quadra beira a perfeição.
O triunfo na casa do maior rival seria a apoteose de uma campanha brilhante. O problema é justamente esse: arrancar o resultado dentro do Staples Center. Foi o que aconteceu no primeiro encontro da temporada. Em pleno Natal de 2002, Chris Webber não se intimidou com a torcida adversária e saiu do ginásio com o placar favorável no bolso. Kobe Bryant deu o troco em janeiro, marcando 38 pontos e vencendo em Sacramento. No terceiro embate, também na Arco Arena, os Kings fizeram as pazes com os fãs e abriram 2-1 na série.
Às vésperas do playoff, chegamos ao quarto e último confronto. Não pode haver hora mais adequada para Webber e Adelman provarem, de uma vez por todas, que essa história de freguês é papo de boteco. Mas se a hora é a melhor, o lugar é o pior. Bater os Lakers em seus domínios é coisa para gente grande, especialmente em tempos de decisão. E uma derrota dos visitantes será um golpe emocional, trazendo de volta fantasmas que já deveriam estar superados.
O roteiro prevê o falatório de Shaq, a incrível consistência de Webber, a genialidade de Kobe, a habilidade de Bibby, o gatilho de Stojakovic e a inesperada contribuição recente do banco de Los Angeles. No entanto, roteiros estão aí para quem quiser rasgá-los. A única profecia certeira é a de uma senhora partida de basquete. Que vença o melhor.
(Foto - NBAE)
9.4.03
UM MICROFONE, POR FAVOR
Quando ele fala, todo mundo escuta
Apesar da vitória de ontem sobre o Cleveland Cavaliers, o Washington Wizards dificilmente chegará aos playoffs. Mas isso não é motivo para excluir Michael Jordan do noticiário. O efeito é justamente o oposto: na iminência de encerrar a carreira com o fracasso da eliminação, o rei das quadras tem atraído microfones aonde quer que vá. E nem sempre os repórteres querem saber sobre as chances de sua equipe.
Ontem, em sua mais recente incursão na mídia, Jordan negou qualquer possibilidade de assumir no ano que vem a vaga de Jerry Krause, cartola dos Bulls que se aposentou por problemas de sáude. O nome do craque foi logo lançado ao vento, e ele tratou de jogar um balde de água fria nos antigos fãs de Chicago: “Foi uma pena o que aconteceu com Jerry. Mas em Washington comecei minha carreira de dirigente, e em Washington quero encerrá-la.”
A magnitude do assunto deixou em segundo plano outras questões abordadas por Jordan na manhã de terça-feira. Entre elas está uma sintomática declaração de apoio a Carmelo Anthony, que acaba de conquistar o título da NCAA à frente da Universidade de Syracuse. O garoto ainda nem decidiu se vai estudar mais um pouco ou se aventurar no basquete profissional. Mas Jordan já iniciou uma campanha para que ele seja o primeiro selecionado no próximo draft.
Evitando declarar abertamente sua preferência, o mestre garante que Anthony tem plenas condições de rebaixar o fenômeno LeBron James à segunda escolha (o nome do iugoslavo Darko Milicic, por sinal, nem chegou a ser mencionado na conversa).
Seria uma tolice supor que Jordan adotou essa posição “do contra” por enxergar em LeBron uma ameaça ao seu reinado. Mas o apoio a Anthony está longe de ter critérios exclusivamente técnicos. Parece claro que o oba-oba em torno do menino-prodígio incomoda sua Majestade. Por isso o recado soa aos meus ouvidos como um: “Menos, pessoal. Menos.”
A relação entre o melhor jogador de todos os tempos e o colegial mais badalado da história seguia de vento em popa. Há algumas semanas, a imprensa americana gastou um bocado de tinta para noticiar os supostos laços de amizade entre os dois, lembrando inclusive que um tinha o número do celular do outro.
O próprio Jordan desmentiu a lua-de-mel: “Não falo com ele há meses, portanto não me inclua nessa história. Sei que ele não tem meu celular porque acabo de mudar o número.” Em meio a elogios econômicos, a crítica veio forte: “LeBron pode se achar excelente para jogar na NBA agora. Mas quando chegar aqui e encontrar atletas de alto nível, vai notar que são bem diferentes daquelas crianças de 1.70m na escola.”
Os tapas e beijos do relacionamento transformaram-se em tema de um belíssimo texto redigido recentemente por Jim Armstrong, colunista do Denver Post, para a Página 2 da ESPN.com.
Vai ver, Jordan gostaria que o moleque adquirisse mais experiência encarando o purgatório da universidade (de preferência na sua estimada North Carolina) antes de saltar para a NBA. Talvez esteja meramente adotando uma tática para quebrar o deslumbramento de um adolescente tratado como gênio. Ou tudo isso pode ser apenas uma breve crise de ciúmes de um astro que cumpriu todo o percurso tradicional, como manda o figurino, antes de se consagrar no esporte.
Sinceramente, não creio nessa última opção.
(Foto - Jonathan Daniel/NBAE)
8.4.03
TALENTO FORA DA QUADRA
Saunders é um dos responsáveis pela
boa campanha do Minnesota este ano
Dia sim, dia não, lá vem uma lista do Rebote. E desta vez estou preparado para as pedradas. A escolha do melhor técnico do ano quase sempre rende polêmica. Afinal, o que não falta é gente boa para orientar os astros no treinamento e na beira da quadra. Para 2003, a NBA já reservou seu punhado de favoritos. Meus dois preferidos estão longe deste grupo. Ainda assim, segue o insólito Top-10 dos treinadores.
1. FLIP SAUNDERS - No passado recente, o Minnesota Timberwolves perdeu peças fundamentais como Stephon Marbury, Tom Guggliota, Bobby Jackson e Terrell Brandon. Extrair qualidade de um elenco que vive se desmantelando é uma arte. E neste ano, pela primeira vez, o time apresenta um equilíbrio invejável. Não chega a ser uma máquina e pode até ser eliminado na primeira rodada dos playoffs. Mas chegar à final do Oeste é um sonho absolutamente palpável. Méritos para Saunders, que conseguiu, enfim, tirar de seus comandados o que eles têm de melhor. Suas alterações no sistema ofensivo deram a Kevin Garnett uma temporada de MVP. Pena que haja tantos medalhões na disputa, o que faz cair para zero sua possibilidade de faturar o prêmio.
2. MAURICE CHEEKS - Outro que não tem a menor chance de ser eleito pela liga, mas merece todas as honras. Em Portland, Cheeks transformou um bando de arruaceiros numa ameaça para qualquer adversário. Hoje os Blazers são temidos não pela má índole, mas pelo alto nível do basquete praticado em quadra. Administrar as inúmeras encrencas e ainda por cima criar um grupo vencedor não é tarefa para qualquer um.
3. RICK ADELMAN - Este sim é um candidato de verdade. O Sacramento Kings já mostrou que tem condições de bater todos os rivais, dentro e fora de casa, incluindo o algoz Los Angeles Lakers. Talvez seja o time mais equilibrado entre os 29 que disputam o campeonato.
4. RICK CARLISLE - Faltam estrelas, sobram problemas. Ainda assim, lá está o Detroit Pistons brigando pela liderança do Leste. Com a saída de Jerry Stackhouse, pouca gente acreditava numa campanha de sucesso. Carlisle, eleito o melhor técnico de 2002, tem tudo para repetir a façanha.
5. GREGG POPOVICH - Pouca gente fala nele, mas o treinador do San Antonio Spurs esbanja competência. Nesta temporada, enfrentou a abrupta queda de rendimento do pivô David Robinson, deu função de líder a Tony Parker e encaixou perfeitamente no esquema o argentino Manu Ginobili.
6. DON NELSON - Assim como Adelman, faz sua equipe jogar por música. O Dallas Mavericks pode até não ser campeão, mas belisca a perfeição em quase todos os fundamentos. O que mais se pode esperar de Nelson?
7. JERRY SLOAN - Karl Malone e John Stockton ainda estão lá, mas a versão 2003 do Utah Jazz é bem diferente das anteriores. A chegada de Matt Harpring e Mark Jackson fez muita coisa mudar, e o russo Andrei Kirilenko evoluiu a olhos vistos. Tudo isso foi muito bem ajustado pelo veterano técnico.
8. ERIC MUSSELMAN - Em seu ano de estréia, levou o Golden State Warriors a uma performance surpreendente. Acredito que o sucesso teve muito mais a ver com a qualidade de Arenas, Richardson, Murphy e Jamison do que com qualquer espécie de desenho tático. Mas Mussemlan tem seus méritos.
9. PHIL JACKSON - Desta vez, a sabedoria budista foi mais eficiente que os rabiscos na prancheta. O mestre zen do Los Angeles Lakers merece elogios, acima de tudo, por ter conseguido motivar os tricampeões após um início decepcionante.
10. HUBIE BROWN - Contratado como salvador da pátria, não conseguiu levar o Memphis Grizzlies ao playoff. Mas ninguém esperava isso mesmo. Sua façanha foi tornar respeitável (e futuroso) um time que não passava de saco de pancadas.
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Só depois de elaborar a lista percebi que há nove técnicos do Oeste contra apenas um do Leste. Por isso concedo menções honrosas a Byron Scott, Paul Silas, Larry Brown, Isiah Thomas e Doc Rivers.
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(Foto - David Sherman/NBAE)
7.4.03
PISTONS EM ALERTA MÁXIMO
A contusão no joelho de Wallace pode
deixá-lo fora da disputa na reta final
Aos 23 anos, o calouro Tayshaun Prince raramente se faz notar no Detroit Pistons. Pouco acionado pelo técnico Rick Carlisle, ele contribui com menos de 3 pontos por noite. Não ajuda muito, mas também não atrapalha. Ou melhor, não atrapalhava. Ontem, de forma absolutamente involuntária, Prince pode ter jogado no ralo a vitoriosa campanha de sua equipe neste ano. Ao tentar bloquear uma bandeja de Tony Parker na partida contra o San Antonio Spurs, o novato caiu em cima de um companheiro de time. Se ao menos a vítima do encontrão fosse Hubert Davis, Michael Curry ou Zeljko Rebraca, tudo bem.
Mas era Ben Wallace.
O ala-pivô foi ao chão e levou as mãos ao rosto com uma expressão de dor. O choque lhe causou uma grave lesão nos ligamentos do joelho esquerdo. A confirmação só virá após um exame detalhado, mas os médicos temem que ele não possa mais voltar nesta temporada.
Carregado nos ombros por integrantes da comissão técnica, Wallace deixou a quadra e pode ter levado com ele as esperanças do Detroit nos playoffs. Sem sua presença, a equipe perde o que tem de melhor: um armário na defesa e a referência dentro do garrafão. É como se, de uma hora para a outra, fosse arrancada a espinha dorsal do elenco.
Tudo isso devido a um medíocre acidente de percurso. Prince certamente está se lamentando até agora (e rezando para que o exame traga uma boa notícia). Em seu primeiro ano na NBA, já aprendeu que o esporte é decidido em detalhes. O rumo natural das coisas pode mudar numa fração de segundo, sem que haja algum culpado, a não ser o acaso.
Favorito para a eleição de defensor do ano, Wallace lidera a liga com as incríveis marcas de 15.5 rebotes e 3.2 tocos por jogo. Sem ele, tudo fica mais difícil. Com a derrota de ontem, os Pistons já perderam o primeiro lugar da conferência para os Nets, que venceram em Toronto. Haja superação para a próxima fase.
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BRUXA SOLTA – Na partida do New Jersey, a torcida local presenciou outro lamentável acidente de trabalho. O astro Vince Carter subiu para um arremesso e, na queda, pisou no pé de Richard Jefferson. Torceu o tornozelo e está fora do restante do campeonato. A ironia é que atualmente Carter e Jefferson estrelam, juntos, um comercial de tênis nos Estados Unidos.
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(Foto - Allen Einstein/NBAE)
6.4.03
MUNIÇÃO EXTRA
Primeiro, Jackson esquenta o banco.
Depois, faz o mesmo com a partida.
Quem será eleito o melhor reserva do ano? Falta pouco para a NBA divulgar o vencedor do Sixth Man Award e as especulações já começaram. Como estamos em fase de palpites, segue abaixo mais um Top-10 do Rebote. No começo da temporada, Bobby Jackson era titular no Sacramento e Michael Jordan esquentava o banco do Washington. Se tivesse mantido esse status, Jordan provavelmente levaria o troféu. Mas, diante do fracasso dos Wizards, o mestre decidiu socorrer seus companheiros e logo passou a atuar desde o iníco das partidas. Jackson, por sua vez, tomou o caminho inverso. O retorno de Mike Bibby fez dele um reserva de luxo para os Kings. O fato de não começar os jogos é apenas um detalhe, o suficiente para torná-lo favorito ao prêmio. Aí vão meus dez eleitos.
1. BOBBY JACKSON - Para se ter uma idéia, sua média de pontos é idêntica à do titular (15.7). Quando Bibby sai de quadra, o nível da armação continua lá em cima. Missão cumprida, troféu para ele.
2. NICK VAN EXEL - É uma espécie de Jackson do Dallas. Ora substitui Steve Nash, ora brilha ao seu lado. Com uma década de experiência, tornou-se peça fundamental na vitoriosa campanha dos Mavs. Contribui a cada noite com 12.3 pontos e 4.2 assistências.
3. MICHAEL REDD - Levando em conta apenas as estatísticas, talvez até merecesse a medalha de prata. Com 15.2 pontos e 4.4 rebotes por jogo, o armador do Milwaukee Bucks arremessa como poucos e pode se orgulhar de ser o terceiro melhor da liga nos tiros de três (aproveitamento de 44%).
4. AL HARRINGTON - Ótima opção no banco do Indiana Pacers, com médias de 12.3 pontos e 6.2 rebotes. É tido como um dos pilares da renovação que a equipe deve enfrentar quando Reggie Miller pendurar o tênis.
5. EARL BOYKINS - Os números (9.2 pontos e 3.3 passes) não dizem muita coisa, mas o baixinho já decidiu várias partidas para o Golden State Warriors nessa temporada. É o tipo de atleta que começa no banco e termina em quadra.
6. ANDREI KIRILENKO - Em seu segundo ano no Utah Jazz, o ala russo passou para a reserva com a chegada de Matt Harpring. Em vez de se intimidar, elevou suas médias de pontos (11.9), rebotes (5.4) e tocos (2.2).
7. VOSHON LENARD - Como o Toronto Raptors vai mal das pernas, ninguém presta muita atenção em Lenard. Eu mesmo admito que sempre tive uma certa implicância com ele. Mas sua pontuação consistente (14.3) acabou me convencendo.
8. TONI KUKOC - Outro bom nome no banco do Milwaukee. Nesta temporada, não atuou como titular uma vez sequer. Reserva convicto. Colabora com 11 pontos e 4 rebotes por noite.
9. MANU GINOBILI - O argentino teve um péssimo começo de campeonato e, por isso, ficou difícil se recuperar nas estatísticas. Livre das contusões, melhorou muito após o All-Star Game. Ainda não é o suficiente para barrar Stephen Jackson, mas já deu para garantir o prestígio no San Antonio Spurs.
10. CORLISS WILLIAMSON - O vencedor de 2002 tem chances de repetir a dose. Assim como Kukoc, não foi titular nenhuma vez este ano. Em compensação, pontua bem (12.1) e se mantém como segundo melhor reboteiro do Detroit Pistons, atrás apenas de Ben Wallace.
(Foto - Bill Baptist//NBAE)
5.4.03
:::: BLOCO DE NOTAS ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
Com um tiro de três pontos, Webber
passou de vilão a herói ontem à noite
SEXTA GORDA - Para a sorte dos telespectadores brasileiros, as rodadas de sexta-feira têm sido emocionantes. Ontem não foi diferente. Em Boston, no jogo da TV, o Sacramento chegou a estar vencendo por 19 pontos no terceiro quarto e permitiu a virada dos Celtics no último minuto. A 14 segundos do fim, Chris Webber teve a chance de recuperar a vantagem, mas desperdiçou um par de lances-livres. Quando a sirene já se aproximava e tudo parecia perdido, o ala teve sua segunda oportunidade e decidiu a partida com uma rara cesta de três, dando a vitória aos Kings. Quem também aprontou das suas foi Kobe Bryant. Em Memphis, o Los Angeles perdia por 23 no início do quarto período. A reação espetacular culminou com um arremesso certeiro de Kobe no último segundo. Com o triunfo, os Lakers assumiram a sexta vaga do Oeste, já que o Utah foi derrotado em casa pelo New York (graças a um chute decisivo de Allan Houston na prorrogação).
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O NEGLIGENTE - Scottie Pippen encontrou um culpado para a seqüência de tumultos que atormenta o Portland Trail Blazers. E não teve medo de dedurá-lo. Segundo o veterano atleta, que se recupera de uma cirurgia no joelho, o momento conturbado se deve à negligência do dirigente Bob Whitsitt. “Ele não está atento ao que acontece aqui. Não procura saber o resultado das contratações que fez, não se preocupa com o que acontece nos treinamentos, nada.” A crítica se estendeu também ao ímpeto de promover negociações: “Whitsitt me trouxe para cá e desmantelou o elenco no ano seguinte.” A crise fora das quadras é tamanha que já rendeu à equipe o apelido de Jail Blazers (um trocadilho com a palavra cadeia).
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TELE-VERGONHA - O telefone toca e o torcedor atende. Do outro lado da linha, está um jogador do Cleveland Cavaliers implorando por fidelidade à equipe. Com essa tática, a diretoria quer preservar os poucos fiéis que ainda compram o carnê de ingressos para acompanhar os Cavs durante toda a temporada. O rápido bate-papo com o ídolo serve para descontrair, mas não faz ninguém esquecer o gosto amargo da lanterna. “Carlos Boozer me ligou e agradeceu a presença nos jogos, foi extremamente gentil. Respondi que torcia para eles vencerem um pouco mais”, revelou Mike Mural, surpreso por ter sido agraciado com um telefonema do calouro.
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PRESENTE DE GREGO - Na terça-feira, o Conselho da NBA vota a transferência do New Orleans Hornets para o Oeste na temporada 2004-2005, quando a nova equipe de Charlotte será incluída no Leste. A mudança tem provocado intensa chiadeira. Com 42 vitórias e 34 derrotas, os Hornets ocupam hoje a quarta posição de sua conferência. Se jogassem no competitivo Oeste, estariam em oitavo lugar. Tudo isso, no entanto, ainda pode ser repensado. David Stern, o cartola-mor, já manifestou a intenção de mudar o formato da liga para seis divisões.
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HORA DO BOLÃO - É grande a tentação para palpitar sobre os classificados em cada conferência. Aí vão minhas apostas, na ordem. Podem cobrar depois.
LESTE: Pistons, Nets, Sixers, Pacers, Hornets, Magic, Celtics e Bucks. Sim, acho que T-Mac ainda alcança Paul Pierce.
OESTE: Spurs, Kings, Mavs, Blazers, Wolves, Lakers, Jazz e Rockets. Sim, acredito que Duncan chega em primeiro e Yao bate Amare na oitava vaga.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
George Karl não vê a hora de encerrar a temporada no Milwaukee Bucks. Está ansioso com a possibilidade de assumir o posto de técnico na Universidade de North Carolina, que já revelou craques como Michael Jordan, Vince Carter, Rasheed Wallace e Jerry Stackhouse.
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No meio da semana, Jordan fez sua última visita a Atlanta. Shareef Abdur-Rahim estragou a festa com o arremesso decisivo que garantiu a vitória dos Hawks sobre os Wizards. Foi vaiado pela própria torcida.
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Jason Kidd voltou a dizer que sua intenção é continuar em New Jersey. Mas praticamente condicionou sua permanência à do colega Kenyon Martin.
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“Eu amo os grandalhões do meu time até a morte, mas precisamos fazer alguma coisa na questão dos rebotes”. Foi o que disse o solitário Tracy McGrady, após a derrota para o Philadelphia, quando a equipe pegou 23 rebotes a menos que o adversário.
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(Foto - Andrew D. Bernstein/NBAE)
4.4.03
FOGO AMIGO
Randolph trocou o basquete pelo boxe
e agrediu um colega de time no treino
Um bate-boca aqui, uma jogada ríspida ali, e as atividades de quarta-feira seguiam agitadas no centro de treinamento do Portland Trail Blazers. Em determinado momento, Ruben Patterson começou a discutir com o calouro Qyntel Woods. A turma da paz nem teve tempo de ensaiar o deixa-disso. Zach Randolph, amigo de Woods, partiu para cima de Patterson e acertou-lhe um inesperado soco no rosto. O sangue jorrou e o clima fechou.
É esta a rotina da equipe que ocupa a invejável quarta posição na temida conferência Oeste. As cenas e os personagens caberiam perfeitamente num set de filmagens dirigido por Quentin Tarantino: atos de violência, troca de insultos, consumo de drogas por todo lado. Paira ali uma atmosfera inexplicável, capaz de despertar em cada jogador o ímpeto de procurar encrenca. O retrospecto não me deixa mentir.
No último fim de semana, o próprio Woods arrumou problemas com a Justiça por dirigir em alta velocidade, sem habilitação e ainda por cima com maconha dentro do carro. A posse da erva e a direção perigosa também renderam acusações a Rasheed Wallace e Damon Stoudamire, em novembro do ano passado. Só agora a dupla vai conseguindo se livrar dos processos.
Também em novembro, Patterson foi preso por agredir sua mulher. A polícia acabou arquivando a investigação de maus tratos domésticos, mas os Blazers aplicaram uma multa de US$ 100 mil ao atleta. Wallace, o bad-boy número 1, pegou sete jogos de suspensão em janeiro por ameaçar um árbitro da NBA nas cercanias do ginásio Rose Garden. Em março, o armador Bonzi Wells foi afastado por discutir com o técnico Maurice Cheeks. E por aí vai.
Ainda assim, o time carimbou seu passaporte para os playoffs e está muito perto de conquistar o mando de quadra no primeiro round. Méritos para Cheeks, que faz o possível ao arrastar sua gangue rumo à próxima fase. “Precisamos encontrar um meio de manter a união. Esta é minha função”, preocupa-se o comandante. “De algum jeito, tenho de garantir que o grupo não vai rachar. Não sei se vou conseguir, será um teste para as minhas habilidades como treinador.”
Um senhor teste. Só o futuro é capaz de avaliar o sucesso da missão. As dificuldades começam cedo: o primeiro embate no mata-mata deve ser contra o Minnesota Timberwolves, decidido a chutar para escanteio o tabu de nunca ter vencido uma série de playoff. De todo modo, assim como na guerra, a preocupação imediata deve ser com o chamado fogo amigo. Não há adversário mais forte para o Portland do que o próprio Portland.
(Foto - Sam Forencich/NBAE)
3.4.03
PONTO DE MUTAÇÃO
Arenas, MVP no Desafio dos Calouros,
pode levantar outro troféu em 2003
De uma temporada para a outra, muita coisa acontece. Sabe-se lá que tipo de vitamina os jogadores da NBA tomam durante as férias, mas alguns deles conseguem mudar da água para o vinho em poucos meses. Para premiar esse tipo de esforço, a liga concede, ao fim de cada campeonato, o prêmio Most Improved Player, para o atleta que mais evoluiu em relação ao ano anterior. Com a proximidade dos playoffs, a briga começa a esquentar. Sobram candidatos para todos os gostos. Ou seja, está mais que na hora de descer do muro e comentar o assunto. Aqui estão meus dez eleitos, na ordem de preferência. Espero não ter esquecido ninguém.
1. GILBERT ARENAS - Em 2002, ele era um ilustre desconhecido. Hoje, é um dos melhores armadores da NBA. Responsável direto pela boa campanha do Golden State Warriors, o garoto de 21 anos tornou-se um líder em quadra, levando a sério a palavra estampada na camiseta que veste: trata-se, essencialmente, de um guerreiro. Desde a última temporada, seus números saltaram em vários fundamentos, como pontos (10.9 para 18.5), assistências (3.7 para 6.1) e rebotes (2.8 para 4.7). Coube a ele, portanto, o grande pulo do gato em 2003.
2. RICKY DAVIS - Analisando friamente, talvez ele até merecesse o troféu. Mas seu prestígio caiu por terra após o patético incidente do triple-double forçado. O armador do Cleveland Cavaliers evoluiu a olhos vistos, mesmo amargando a lanterna da liga desde a primeira semana. De 11.7 pontos por noite, passou a 20.5. Também aumentaram as médias de passes (2.2 para 5.3) e rebotes (3 para 4.9). Medalha de prata nele, apesar do espírito antidesportivo.
3. TROY MURPHY - É fácil descobrir por que o Golden vem surpreendendo todo mundo. Assim como Arenas, Murphy também cresceu bastante. O tímido ala que pegava apenas 3.9 rebotes por partida tornou-se o sexto maior da NBA nessa estatística, com média de 10.2. Os pontos quase dobraram (5.9 para 11.6) e ajudaram a fazer dele o oitavo da liga em double-doubles.
4. MATT HARPRING - A transferência para o Utah Jazz tinha tudo para afundar sua carreira. Afinal, ninguém consegue brilhar ao lado de Karl Malone e John Stockton, certo? Errado. Jeff Hornacek já havia provado isso, e Harpring parece ter aprendido direitinho. Além de pular dos 11.8 para os 17.8 pontos por jogo, o ala-armador conseguiu o que parecia impossível: melhorar ainda mais a pontaria nos arremessos (46% para 51%), incluindo os tiros de três (30% para 43%).
5. CHAUNCEY BILLUPS - Nada melhor que respirar novos ares. Em Detroit, Billups passou a liderar um time vencedor. Mais maduro na armação, melhorou também na hora de finalizar, contribuindo com média de 16 pontos (eram 12.5 em 2002). De quebra, pode ser campeão do Leste.
6. BOBBY JACKSON - O habilidoso armador do Sacramento Kings conseguiu elevar todas as suas estatísticas, sendo que a maior diferença se nota na pontuação (11.1 para 16.1). O fato ganha mais relevância pelo fato de Jackson ser um reserva. Ainda não dá para tomar a vaga de Mike Bibby entre os titulares, mas finalmente este grande jogador começa a ganhar o reconhecimento que merece.
7. TONY PARKER - Outro que levantou quase todos os números. De 9 pontos por partida, passou para 15.5. Também progrediu um bocado nas assistências e no aproveitamento de arremessos, tornando-se um líder em San Antonio. Está a um passo da concorrida elite dos armadores da NBA.
8. STEPHEN JACKSON - O companheiro de Parker nos Spurs é mais um Jackson na lista. Não passava de um Zé Ninguém ano passado, atuando cerca de 9 minutos por noite. Conseguiu triplicar a média para 27. A reboque, ganhou eficiência nos tiros (37% para 43%) e passou a pontuar mais (3.9 para 11.9).
9. TROY HUDSON - O armador do Minnesota é hoje o quarto melhor cobrador de lances-livres da liga. Mas não é isso que o credencia aqui. A subida nas médias de pontos (11.7 para 14.3) e assistências (3.1 para 5.7) fizeram dele uma das peças fundamentais na arrancada dos Wolves.
10. KEVIN GARNETT - Por falar em Wolves, aí está um dos mais fortes concorrentes ao prêmio de MVP, evoluindo levemente em quase todos os fundamentos. Garnett atravessa o que os americanos chamam de career-year. É o suficiente para que muitos o considerem, hoje, o melhor jogador de basquete em atividade no planeta.
(Foto – Andrew D. Bernstein/NBAE)
2.4.03
EM BUSCA DE UM LUGAR CONFORTÁVEL
Kobe sabe que enfrentar os Spurs será uma pedreira
Escrever sobre o Los Angeles Lakers é como cutucar um vespeiro. Sei que os ânimos se inflamam e o risco de um contra-ataque furioso aumenta consideravalmente. Ainda assim, não dá para ignorar o time a esta altura do campeonato. Os playoffs vêm chegando e, ao contrário do que muitos previam, lá estão os tricampeões, prontos para perseguir o quarto título com unhas e dentes.
Hoje, a equipe repousa na sétima posição do Oeste, logo atrás do Utah Jazz (que se vê seriamente ameaçado) e bem à frente do Phoenix Suns (que não oferece perigo algum). À primeira vista, a situação pode parecer incômoda. Afinal, mando de quadra não é benefício que se despreze e, do jeito que a coisa anda, Kobe e Shaq estarão sempre em desvantagem neste aspecto.
Entretanto, quem acompanhou a NBA durante os últimos três anos sabe que os Lakers se agigantam na hora da verdade, mesmo longe da Califórnia. Não, isso não é conversa fiada. De fato, aquela camisa amarela (ou roxa, ou branca) pesa um pouco mais que as outras, principalmente quando envergada por gente que esbanja experiência em playoffs.
Portanto, deixemos de lado o fator-casa e vamos ao fator-adversário. Tendo em vista que só um milagre levaria o Los Angeles à quarta colocação, o primeiro round (agora disputado em melhor de sete partidas) deve reservar um embate contra Dallas, Sacramento, San Antonio ou Portland.
Dizem por aí que os Mavericks vão pipocar na fase decisiva. Discordo parcialmente dessa teoria, e vou abordá-la com mais detalhes aqui até o fim da semana. Mas é inegável que Kings e Spurs são os rivais mais indigestos. O que nos leva à seguinte conclusão: a arrancada da turma de Phil Jackson parou no meio do caminho.
Explico: o ideal seria que a elogiável recuperação dos Lakers se estendesse ao menos até a aquisição da quinta vaga, o que renderia um duelo mais tranqüilo com os Blazers. Mas dificilmente isso vai acontecer. Excluída essa possibilidade, o mais indicado (no plano teórico, claro) seria ficar em oitavo, atraindo Dirk Nowitzki, Steve Nash e os demais “pipoqueiros” para a primeira batalha. O desafio seguinte seria contra Portland ou Minnesota, e a pedreira de verdade só viria na final da conferência.
Mas a não ser que entregue jogos de propósito (hipótese que eu descarto sem pestanejar), ficar em oitavo é tão improvável quanto ficar em quinto. Ou seja, Phil Jackson pode ir preparando os mantras para abrir a próxima fase enfrentando Spurs ou Kings. E se passar por um, pega o outro em seguida. Nesse caso, a salvação só seria possível com um Bryant estilo-MVP e um O’Neal estilo-super-homem trabalhando juntos a cada noite. Sem descanso.
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DETALHE 1 – Até o fim da temporada regular, o Los Angeles terá oportunidade de testar seu poder de fogo contra possíveis oponentes no playoff. Enfrenta Portland, Sacramento e Dallas (este último duas vezes, sendo a primeira amanhã, no Texas).
DETALHE 2 – Por iniciativa da ESPN, Shaquille O’Neal vem se correspondendo, por e-mail, com um oficial da Marinha americana baseado no Qatar, em pleno front da guerra no Oriente Médio. Vale a pena conferir a troca de mensagens.
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(Foto – NBAE)