10.4.03



DIA DE TERREMOTO NA CALIFÓRNIA




Quando esses rapazes se encontram,
a melhor saída é evitar interferência




A rodada de hoje prevê apenas um par de jogos. É mais que o suficiente. Numa espécie de preliminar, o Philadelphia 76ers, ainda de olho na liderança do Leste, faz uma visita ao angustiado Boston Celtics. Contando as últimas dez rodadas, a turma de Paul Pierce tem o pior retrospecto entre os 16 times que entrariam no playoff se a temporada regular terminasse agora. O fato é que aquela camisa verde não anda assustando ninguém. Por isso, anular Allen Iverson logo mais tornou-se uma questão de honra.

Com todos esses ingredientes, deve ser um duelo bom de assistir. Poderia até ser a grande atração da noite. Mas não será, porque a rodada se completa com o maior clássico contemporâneo da NBA. Com os nervos agitados, Lakers e Kings se engalfinham no Staples Center.

Uma simples vitória é tudo que o Sacramento precisa para enfiar o pé na porta da próxima fase como favorito ao título. Admito que o San Antonio Spurs está tinindo, mas o momento é dos pupilos de Rick Adelman. Uma turnê avassaladora pelo Leste e a marca de 11 vitórias nos últimos 12 jogos provam que a equipe se agigantou no momento certo. Após um ano de contusões, o elenco vive uma fase de saúde plena. E a química em quadra beira a perfeição.

O triunfo na casa do maior rival seria a apoteose de uma campanha brilhante. O problema é justamente esse: arrancar o resultado dentro do Staples Center. Foi o que aconteceu no primeiro encontro da temporada. Em pleno Natal de 2002, Chris Webber não se intimidou com a torcida adversária e saiu do ginásio com o placar favorável no bolso. Kobe Bryant deu o troco em janeiro, marcando 38 pontos e vencendo em Sacramento. No terceiro embate, também na Arco Arena, os Kings fizeram as pazes com os fãs e abriram 2-1 na série.

Às vésperas do playoff, chegamos ao quarto e último confronto. Não pode haver hora mais adequada para Webber e Adelman provarem, de uma vez por todas, que essa história de freguês é papo de boteco. Mas se a hora é a melhor, o lugar é o pior. Bater os Lakers em seus domínios é coisa para gente grande, especialmente em tempos de decisão. E uma derrota dos visitantes será um golpe emocional, trazendo de volta fantasmas que já deveriam estar superados.

O roteiro prevê o falatório de Shaq, a incrível consistência de Webber, a genialidade de Kobe, a habilidade de Bibby, o gatilho de Stojakovic e a inesperada contribuição recente do banco de Los Angeles. No entanto, roteiros estão aí para quem quiser rasgá-los. A única profecia certeira é a de uma senhora partida de basquete. Que vença o melhor.

(Foto - NBAE)

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