4.4.03
FOGO AMIGO
Randolph trocou o basquete pelo boxe
e agrediu um colega de time no treino
Um bate-boca aqui, uma jogada ríspida ali, e as atividades de quarta-feira seguiam agitadas no centro de treinamento do Portland Trail Blazers. Em determinado momento, Ruben Patterson começou a discutir com o calouro Qyntel Woods. A turma da paz nem teve tempo de ensaiar o deixa-disso. Zach Randolph, amigo de Woods, partiu para cima de Patterson e acertou-lhe um inesperado soco no rosto. O sangue jorrou e o clima fechou.
É esta a rotina da equipe que ocupa a invejável quarta posição na temida conferência Oeste. As cenas e os personagens caberiam perfeitamente num set de filmagens dirigido por Quentin Tarantino: atos de violência, troca de insultos, consumo de drogas por todo lado. Paira ali uma atmosfera inexplicável, capaz de despertar em cada jogador o ímpeto de procurar encrenca. O retrospecto não me deixa mentir.
No último fim de semana, o próprio Woods arrumou problemas com a Justiça por dirigir em alta velocidade, sem habilitação e ainda por cima com maconha dentro do carro. A posse da erva e a direção perigosa também renderam acusações a Rasheed Wallace e Damon Stoudamire, em novembro do ano passado. Só agora a dupla vai conseguindo se livrar dos processos.
Também em novembro, Patterson foi preso por agredir sua mulher. A polícia acabou arquivando a investigação de maus tratos domésticos, mas os Blazers aplicaram uma multa de US$ 100 mil ao atleta. Wallace, o bad-boy número 1, pegou sete jogos de suspensão em janeiro por ameaçar um árbitro da NBA nas cercanias do ginásio Rose Garden. Em março, o armador Bonzi Wells foi afastado por discutir com o técnico Maurice Cheeks. E por aí vai.
Ainda assim, o time carimbou seu passaporte para os playoffs e está muito perto de conquistar o mando de quadra no primeiro round. Méritos para Cheeks, que faz o possível ao arrastar sua gangue rumo à próxima fase. “Precisamos encontrar um meio de manter a união. Esta é minha função”, preocupa-se o comandante. “De algum jeito, tenho de garantir que o grupo não vai rachar. Não sei se vou conseguir, será um teste para as minhas habilidades como treinador.”
Um senhor teste. Só o futuro é capaz de avaliar o sucesso da missão. As dificuldades começam cedo: o primeiro embate no mata-mata deve ser contra o Minnesota Timberwolves, decidido a chutar para escanteio o tabu de nunca ter vencido uma série de playoff. De todo modo, assim como na guerra, a preocupação imediata deve ser com o chamado fogo amigo. Não há adversário mais forte para o Portland do que o próprio Portland.
(Foto - Sam Forencich/NBAE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário